A maioria parlamentária do governo Movimiento al Socialismo (MAS) aceitou o informe. O vice-presidente do país e o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro García Linera, consideraram fechada a interpelação, depois de quase três horas de debate.
Os deputados opositores Claudia Mallón e Norman Lazarte expuseram os motivos da interpelação e ressaltaram a falta de controles prévios ao voo, a ausência de regulação atualizada da aviação civil e o dano à imagem do país.
O voo que levava aos integrantes do clube de futebol brasileiro Chapecoense que colidiu perto de Medellín o 28 de novembro provocando a morte de 71 pessoas pertencia à companhia aérea Lamia, empresa boliviano de voos não regulares.
"Em onze anos (de Governo do MAS) tem se descuidado a aeronáutica civil e não tem se renovado o regulamento", indicou a deputada Mallón em seu turno de interpelação.
Também criticou que a empresa tenha sido constituída com 150.000 bolivianos (21.500 dólares) de capital inicial, que avaliou como "um capital irrisório para querer abrir uma companhia aérea".
Por sua parte, Lazarte disse que os estados financeiros de Lamia não foram apresentados para se validar como operador aéreo, questionou a competência das autoridades dos órgãos reguladores, a Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC) e a Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (Aasana).
Norman Lazarte avaliou a supervisão do ministério de Obras Públicas de "completa negligência e incumprimento da norma".
Segundo apontam as primeiras investigações, o acidente foi devido a que o avião não tinha suficiente combustível para defrontar possíveis eventualidades, como uma mudança de ruta o pospor a aterrissagem por congestão no aeroporto de destino, como sucedeu.
"Não era a primeira vez que a empresa operava voos com essa deficiência de combustível", afirmou Lazarte, que lamentou que "tivesse que acontecer algo tão trágico para desvelar o funcionamento das instituições" que supervisam o trânsito aéreo.
Em sua comparecência, o ministro Claros fez várias precisões técnicas em resposta às perguntas dos deputados opositores e manteve que Lamia obteve de forma regular o certificado de operações, de caráter indefinido, e a permissão de operações por cinco anos, seguindo todos os canais que estabelece a lei.
Em uma palestra que foi acompanhada de uma apresentação para mostrar documentos e apoiar assim suas palavras, também informou que a companhia solicitou a tempo a autorização para a saída ao exterior desse voo, com três dias de antelação.