Por Luís Butti, de São Paulo
Nesta quarta, o Corinthians tem um desafio bastante chato: reverter a leve vantagem do Racing, jogando no Cilindro de Avellaneda. O time argentino fez um gol em Itaquera, trouxe um empate por 1-1 e agora o 0-0 basta para classificar a equipe que foi o time de coração de Perón e Carlos Gardel. O Cilindro estará lotado e logo lembramos de diversos insucessos corinthianos em situações parecidas: mata mata em desvantagem jogando em canchas ou estádios históricos lotados, caindo mais pelo psicológico do que pela bola.
O roteiro é sempre o mesmo: Time gigante, estádio cheio, expulsões bobas, gols evitáveis, sofrendo pressão das arquibancadas. Fim.
Todo esse cenário que vimos durante décadas eliminando o Corinthians entrará em campo nesta quarta-feira. Por isso, acho que é mais um jogo cerebral do que técnico ou tático. O Corinthians jogará contra si mesmo para avançar para as Quartas de Final onde enfrentaria o Libertad do Paraguai.
Particularmente duvido que o Racing venha novamente com cinco na defesa partindo com um grande articulador no contra-ataque rápido pra resolver na individualidade na frente, embora seja historicamente Bilardista. Acho que vai mudar levemente para algo mais da escola de César Luis Menotti e trabalhar a bola para matar o jogo no primeiro tempo. Carille e os onze em campo precisam ser gelados. Frios. Não tanto como contra equipes uruguaias (disse isso aqui neste mesmo local ano passado), mas bastante centrado.
Sofrerá pressão. Principalmente psicológica.
Só que o Racing é taticamente vulnerável. Seu esquema não é muito bem sólido muito menos definido. Se o Corinthians fizer um gol na velocidade de Marquinhos Gabriel e Romero, pode inverter o desespero para o Racing. Me preocupo um pouco com a ausência de Maycon, perdendo demais na saída de bola. O embate da dupla Gabriel-Maycon contra os volantes do Racing decidirão a partida.
Camacho tem passes rasos demais para quem precisa vencer. A ausência de profundidade pode nos custar a vaga. Eu optaria por Fellipe Bastos. Passes mais verticais e chute mais potente. Paulo Roberto eu tenho dúvidas. Seu trunfo é a velocidade, e jogaremos num gramado historicamente irregular.
Seja qual for a escolha, é preciso pensar. É jogo cerebral, de xadrez. Diego Cocca é estrategista. Carille precisa ser mais inteligente que ele. Não o foi em Itaquera. E o principal: não desmoronar caso a classificação não vier.
Domingo tem clássico pelo Brasileiro e podemos abrir treze pontos na liderança.