O Barcelona poderia muito bem ser um clube à beira da crise institucional. Há problemas em La Masia, onde a linha de produção de novos jogadores está funcionando mal. O estilo de jogo na primeira equipe sob o comando de Luis Enrique também trai os princípios que trouxe o Barça à aclamação generalizada do público, com muitos títulos, fruto de trabalho dos antecessores.
Ele tem o trio Messi - Suárez - Neymar à sua disposição, mas tem desperdiçado o estilo controlado do Barça para ter certeza de que eles recebam a bola rapidamente e com frequência.
A política de transferências com o diretor desportivo Robert Fernández está gerando mais erros, incluindo contratações como Paco Alcácer, Aleix Vidal e Arda Turan. E o Barça poderia muito bem estar olhando para desembolsar mais um caminhão de dinheiro no meio do ano, mas não tem essa grana.
A contratação de André Gomes, de Valencia, no início da temporada, foi co-financiada com uma parte do orçamento de transferências de 2017 - estimada em menos de 30 milhões de euros - o que significa que só haverá cerca de 60 milhões de euros para negócios. Não dá pra contratar grandes craques.
Depois, existe a questão do contrato de Lionel Messi. O jogador de 29 anos ainda não chegou a um acordo com o Barça sobre a renovação de seu atual contrato, que expira em 2018.
O clube catalão está no limite de seu orçamento salarial - o trio MSN não é barato - mas terá que corresponder às exigências de Messi. Como ele é o 'superstar' máximo, terá o direito de pedir seu valor de mercado.
Messi não está longe de um acordo de quatro anos recebendo 32 milhões de euros livres por temporada, mas estruturado de forma não convencional. Nas duas primeiras temporadas, o argentino receberia 22 milhões de euros. Nas outras, 42 milhões de euros.
Messi, sem dúvida, estará esperando mais; pelo menos 35 milhões de euros por anos durante um período de quatro anos.
Ele marcou 19 gols em 20 jogos nesta temporada e está recebendo uma responsabilidade cada vez maior no time de Luis Enrique, então parece que não há dúvida de que o Barça vai pagar o que for preciso.
Os interesses de Messi - entretanto – podem não estar relacionado com a Catalunha. Os 'blaugranas' estão em uma tendência descendente e - a menos que algo drástico aconteça - o camisa 10 merece mais do que suportar as vaias dos torcedores no Camp Nou pela falta de bom desempenho.
O Barça é tudo que Messi conhece. Ele é o chefe, claro, tendo crescido no papel de líder após as saídas de grandes personalidades como Carles Puyol, Xavi Hernández e Dani Alves. A equipe está dobrada à sua vontade.
A temporada 2016-17 do Barcelona, no entanto, revelou a extensão de suas deficiências estruturais não apenas no campo, mas fora dele. As contribuições de Leo estão servindo como argamassa para as rachaduras. O desânimo significativo dos torcedores, como a impaciência com André Gomes, tem aumentado o problema.
O que Messi merece é a garantia de que o clube catalão pode construir uma equipe em torno dele boa o suficiente para competir com o Real Madrid nos maiores troféus da Espanha e da Europa. Atualmente, eles não podem fazer essa promessa para ele.
O Barcelona vai ter que reconstruir sua equipe e fortalecê-la para as temporadas futuras, mas isso não é o que o craque argentino precisa. As restrições financeiras significam que eles não podem construir rapidamente. O ídolo 'blaugrana' quer uma equipe boa o suficiente para sustentar sua genialidade, mas a ironia é que ele pode ter que sair para que essa reconstrução possa acontecer. Sustentar o MSN custa tanto o investimento quanto a identidade.
Poderia ser mais fácil criar um time sem o craque argentino, por mais doloroso que possa parecer, e é por isso que um divórcio não é tão impensável como era antes.
Não seria completamente sem precedentes. O ex-presidente do Barça, Sandro Rosell, revelou que o tempo para vender Ronaldinho era depois de vencer a Champions League em 2006 e admite que teria feito se Cristiano Ronaldo ou Kaká estivessem disponíveis.
"Quando você é dirigente do Barcelona, tem que ter sangue frio", disse ele para 'El Periodico'.
A cláusula de compra de Messi é de 250 milhões de euros, mas o Barça aceita significativamente menos do que isso com apenas um ano de contrato. Digamos, por exemplo, que eles recebam 150 milhões de euros, mais os 140 milhões de euros em salários economizados. São somas consideráveis especialmente pela falta de equilíbrio financeiro.
A dor de perder esse craque vai vir algum dia para o Barcelona. Quando tudo estiver dito e feito, ele os terá conduzido através de seu período mais bem-sucedido na história. Ele vai se aposentar lá? Ou vai sair?
Os jogadores geralmente ficam ao redor de uma década no topo e nesse sentido Messi já está nos acréscimos. Não seria prudente garantir uma venda alta enquanto é tempo?