Ceferin aposta por uma tecnologia e pela mudança do sistema de transferências

"Necessitamos avaliar se a forma como funciona hoje o mercado de transferências é a melhor. Não podemos ter medo de tocar-lhe. Talvez a maneira de operar não seja a mais eficiente para os objetivos de amanhã", disse Ceferin que questiona se possíveis mudanças devam ser feitas junto à FIFA ou com normativas de licenças.

Numa conferência sobre "as grandes oportunidades e ameaças do futebol europeu nos próximos anos" que aconteceu na primeira jornada do fórum 'Football Talks', em Estoril (Portugal), Ceferin garantiu que a UEFA deve aproveitar as oportunidades que a tecnologia oferece e assim, proteger completamente o futebol e não só a elite dentro das suas competições.

Também se referiu às iniciativas que teve ao chegar à presidencia em setembro para combater a dopagem, subornos, violência e a corrupção e sobre a sua obrigação de ser dar um exemplo de gestão.

"Cada vez mais e mais as pessoas votam hoje a partidos políticos populares. Não é necessário dar nomes. Entre as inúmeras explicações está o chamado 'establishment' que durante anos não liderou com o exemplo, tendo tido políticos implicados em escândalos e casos de corrupção. Isso também pode acontecer no futebol", disse.

Para evitar que possa haver uma recusa ao futebol por este motivo, Ceferin explicou as medidas de boa gestão que enviará para votação no Congresso da UEFA no dia 5 de abril, em Helsinki, como a limitação de mandatos para o Presidente e os membros do Comitê Executivo (três mandatos de quatro anos, no máximo) e a inclusão, nos seus Estatutos, de que as sedes das competições se escolham em processos transparentes e de forma objetiva.

"Mas eu não sou um burocrata e sei que temos outros desafios diante de nós. O futebol e o esporte em geral passam por uma etapa de mudança fascinante. Por transformar-se em global e porque as novas tecnologias conduzem a novas formas de consumo. Não queremos ser resistentes às mudanças, queremos liderá-las. Devemos aproximar-nos a Silicon Valley e entender as suas estratégias, complementou.

Segundo Ceferín, é necessário evitar grandes brechas entre uns e outros nas competições, tanto europeias como domésticas e se se consegue que haja um equilíbrio competitivo, se alcançam novos mercados, "se abrirá a porta para um mundo novo de possibilidades", que podem "aumentar a popularidade do futebol europeu, aumentar a qualidade e motivar a participação."

"Se nos damos conta que as ameaças são, de fato, desafios e estes, oportunidades, o futebol europeu tem um grande futuro. E não nos esqueçamos de uma última coisa: se deve deixar de fazer política. Como no campo, para ganhar devemos pensar de forma ofensiva, criativa e positiva. Deveríamos pensar e respirar futebol. Como costumava dizer o grande Eusébio: 'Minha política é só o futebol'. Sigamos seu exemplo", concluiu.