Karim Benzema sempre teve um talento especial.
Os melhores atacantes sempre têm. É algo inato, dizem eles. Não pode ser treinado. Chegam cedo na trave mais próxima, chegam atrasados na mais distante. E quase sempre estão na hora certa.
Benzema sempre foi destinado a fazer grandes coisas na Ligue 1, e não poderia ter escolhido um momento melhor para iniciar uma carreira que iria levá-lo ao topo do futebol mundial.
Chegou ao Lyon com oito anos de idade, depois de ter marcado duas vezes contra a sua equipe da academia pelo seu time de garotos, com sonhos de acabar com a longa espera pelo primeiro título da Ligue 1.
Nove anos mais tarde, quando fez sua estréia com 17, esse sonho já havia sido realizado três vezes consecutivas. Benzema estava se juntando a uma dinastia. As quatro primeiras de suas cinco campanhas na Ligue 1 terminariam em celebrações do título da competição.
O Lyon tinha tudo. Em Sidney Govou eles tinham um dos seus principais jogadores. Mas, ao mesmo tempo, se falava de outro atleta, um jovem príncipe pronto a usurpar o trono do herói local.
"Quando ele tinha 15 anos, eu o vi treinando e eu disse ao presidente, 'Jean-Michel, há um fenômeno por aqui'", disse Bernard Lacombe, consultor especial do Lyon, ao site da UEFA.
"E ele pensou que no dia seguinte (Benzema) poderia virar pro, mesmo com apenas 15 anos. Foi extraordinário porque com sua atitude e sua qualidade ele tinha muito."
A partir do minuto que Benzema pisou no gramado com 17 anos em janeiro de 2005, toda a cidade viu o que Lacombe viu naquela tarde dois anos antes.
Entrando no meio do jogo contra o Metz, o primeiro envolvimento real do adolescente, ele encobriu um defensor e ainda passou por outro antes de rolar para Bryan Bergougnoux selar uma vitória por 2-0.
Benzema fez apenas seis jogos da Ligue 1 em sua primeira campanha como profissional. Na seguinte fez 13 e marcou o primeiro gol da sua carreira na principal competição francesa.
Em duas temporadas na Ligue 1, Benzema tinha ganhado mais títulos da competição do que tinha feito gols. Ele fez mais cinco gols de 13 partidas em 2006-07, sua terceira temporada com o clube, mas foi na seguinte que ele realmente explodiu.
Benzema fez 20 gols em 32 partidas para terminar a campanha como o principal goleador do país, enquanto o Lyon marchou para outro título. Benzema foi nomeado Jogador do Ano da Ligue 1, também.
Em 2008-09 ele anotou 17, mas a temporada terminou em decepção com o domínio do Lyon chegando ao fim, encerrando a sua corrida sem precedentes de sete títulos consecutivos Ligue 1.
O potencial de Benzema esteve fora por muito tempo. Toda a Europa estava disputando a sua contratação, incluindo o próprio Lyon, com o presidente Jean-Michel insistindo para que ele ficasse no clube até pelo menos 2010, a não ser que alguém oferecesse € 100 milhões.
Benzema ficou em 14º lugar na lista inaugural Goal 50, que comemorou os 50 melhores jogadores do futebol a cada ano desde 2008. O mundo era sua ostra.
"Com sua qualidade, ele poderia jogar em qualquer lugar", disse Lionel Messi ao Le Parisien. "Ele é um grande goleador com seu próprio estilo, tem talento e é muito inteligente."
Após 43 gols em 81 partidas, e quatro títulos da Ligue 1, ele estava pronto para deixar a França para trás. Real Madrid e a glória na Champions League o esperavam. Chegara o momento de seguir em frente.