De forma surpreendente e inédita dentro da história, Alexandre Campello foi eleito presidente do Vasco da Gama na madrugada deste sábado (20).
A surpresa foi pelo fato de o médico ortopedista ter sido apenas o quarto nas intenções gerais de voto, realizadas em novembro de 2017; o ineditismo é porque, pela primeira vez na história do clube, o presidente da chapa vencedora [Julio Brant, ‘Sempre Vasco Live’] não foi eleito pelo Conselho Deliberativo.
Nos últimos meses, foram muitas as indefinições sobre quem comandaria o Vasco no próximo triênio. Julio Brant e Eurico Miranda eram os candidatos mais fortes no pleito, encerrado com grande reviravolta. Abaixo, entenda de forma resumida como foi que Alexandre Campello saiu de aliado de Brant para receber o apoio final, e decisivo, de Eurico.
O primeiro passo nas eleições do Vasco são os votos dos sócios. O pleito foi cercado de polêmicas: Eurico Miranda saiu vitorioso, mas a Justiça desvalidou seguidas vezes os votos da chamada Urna 7 [que foi separada para receber votos de sócios sob suspeita de terem entrado em uma fraude eleitoral] e Julio Brant foi declarado vencedor.
Com isso, a chapa de Brant teve o direito de apontar 120 conselheiros e o grupo de Eurico completou com 30 nomes. Estes 150 se uniram a outros 150 conselheiros vitalícios, e combinados este total de votos apontaria, de forma definitiva, o presidente para comandar o clube de 2018 a 2020.
Alexandre Campello, que havia se unido à chapa de Julio Brant para aumentar as chances de bater Eurico, abandonou Brant dias antes da eleição feita pelo Conselho Deliberativo: se uniu ao grupo de apoiadores de Eurico Miranda e ganhou força na reta final.
Campello recebeu 154 votos, contra 88 de Julio Brant [foram 242 votos totais]. Do lado de fora da sede náutica do Vasco, na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro, torcedores que apoiavam o presidente eleito pelos sócios, no primeiro pleito, não esconderam a revolta. Pela primeira vez, o Conselho Deliberativo escolheu um mandatário deferente do vencedor na primeira etapa das votações.
Enquanto vibrava com o resultado, Campello desmentiu que Eurico Miranda terá participação em sua administração: “Essa é uma vitória da oposição do Vasco. Derrotou o Eurico nas urnas. Participação do Eurico será nenhuma. Nossa chapa é pura. Não existe acordo. Não tem membro do Eurico nas nossas chapas, nem na vice-presidência nem nos cargos executivos”, afirmou.
Eurico, que primeiramente queria não ver Brant eleito, garantiu que ainda vai dedicar mais anos de sua vida ao clube: “Eu não saio do Vasco. Sou grande benemérito e devo ir para o Conselho de Beneméritos. Eu ainda vou durar muito tempo, não vão me ver fora do Vasco. Não há hipótese de eu ser derrotado no Vasco. Qual o cargo que eu preciso? Eu vou ser presidente do Conselho de Beneméritos”.
Grande derrotado da noite, Julio Brant não escondeu a revolta: “Isso é uma vergonha para um clube que se diz democrático. Uma vergonha para a nossa democracia. O Vasco é grande, uma representação importante da sociedade brasileira”.
“Aconteceu do segundo lugar se juntar ao quarto lugar, a quem se dizia ser contra, para impedir uma real mudança dentro do Vasco (...) A traição não foi para o Julio. O nome que mais se grita é o nome do Eurico. Infelizmente, o maior vitorioso da noite foi o Eurico Miranda. Tenho que reconhecer”.