Lionel Messi, como qualquer outro cidadão público, tem duas vidas: objeto e sujeito. Com duas diferenças, poucas estrelas tem a sua magnitude e poucas, muito poucas têm conseguido cuidar de sua condição de sujeito como ele.
A vida em família e a aparição de seus dois filhos o deixaram mais comunicativo sobre a sua intimidade: como qualquer pai, compartilha vídeos em suas redes sociais, encantado como seu caçula dança em frente à televisão.
Durante a última década, o resto do mundo sempre desempenhou o papel de conhecer e desconhecer o estilo e os detalhes do menino, que aparece em um cartaz de roupa em Nova York e um cartaz de publicidade no Vietnã.
Seu condição de objeto é ampla: tanto pela política como de mercado. Quando sobe na sua conta no Facebook uma foto com o novo contrato da Adidas, é apresentado como um dos principais consumos do capitalismo esportivo. Quando Josep Bartomeu declara publicamente que está próximo de renovar com o craque, se mostra um detalhe chave para o equilíbrio institucional do Barcelona e até mesmo da Catalunha.
Os rumores são muitos, mas o gol de pênalti contra o Leganés despertou uma onda de especulações sobre a sua condição de objeto. Seu status como sujeito quase não entra em discussão, o que torna ainda mais atraente. Mesmo a sua família não tendo confirmado o que aconteceu. Dizem apenas que é uma coisa intima, sem necessidade de mexer no assunto.
Messi sabe que o jogo não é só com os pés, apesar de não falar muito com a imprensa. Uma de suas últimas aparições em coletiva de imprensa foi antes da final da Copa América, enquanto crescia um conflito com a AFA. Messi sente o jogo e isso é óbvio.
Mas uma coisa é clara: poucas coisas são tão Messi no futebol, e poucos seres humanos são mais competitivos do que o craque que desde 2004 só joga no Barcelona para ser o melhor da história. Poucos sentem uma derrota mais do que ele.
Vale até recordar uma frase do argentino dita em 2014 após o retorno da Copa do Mundo, quando começava a Champions League: "Não há revanches aqui, pois é um dever estar sempre na final", disse.