O ano de 2016 do Atlético-MG é decepcionante. Caso consiga reverter a difícil desvantagem para o Grêmio na final da Copa do Brasil, o saldo pode ser melhor, no entanto, a temporada alvinegra não empolgou como poderia e deveria.
O investimento foi enorme, o elenco é dos melhores do Brasil, se não o melhor, com nomes como Robinho, Fred, Lucas Pratto, Victor e Rafael Carioca. Ainda assim, o Galo pode fechar 2016 tendo conquistado apenas a Florida Cup, passando em branco no Campeonato Mineiro, na Copa Libertadores, no Campeonato Brasileiro, na Primeira Liga e na Copa do Brasil.
Nem mesmo a vaga direta na Liberta 2017 via Brasileirão veio, com o Alvinegro conseguindo um lugar na fase de grupos da competição continental pelo torneio nacional de pontos corridos apenas porque o Brasil herdou a vaga do México. Quarto lugar no Brasileiro, campanha pífia na Primeira Liga e vice do Estadual. Muito aquém do esperado para o clube mineiro, que ainda foi eliminado na Libertadores por um São Paulo cheio de problemas.
O Atlético-MG, porém, ainda acredita no título da Copa do Brasil. A derrota categórica por 3 a 1 no Mineirão, a desvantagem e o bom time do Grêmio em Porto Alegre fazem da reviravolta algo difícil de se acreditar. No entanto, os últimos anos provaram que o impossível não existe para o Galo, que sempre acredita, como a Massa sempre canta.
O Alvinegro precisa vencer o duelo na Arena do Grêmio, na noite desta quarta-feira (7), às 21h45 (de Brasília), por três gols de diferença para conquistar o título da Copa do Brasil, ou ao menos triunfar por dois tentos de vantagem para levar a decisão para os pênaltis.
A tarefa não é fácil, mas a torcida e o elenco acreditam, entre eles Clayton, atacante que simboliza o ano atleticano. Uma das revelações do futebol brasileiro em 2015, após brilhar no Figueirense e inclusive ser um dos grandes responsáveis pela eliminação do Atlético-MG na Copa do Brasil daquela temporada, o jogador foi cobiçado por vários clubes tupiniquins e estrangeiros, mas escolheu se transferir para o Galo.
Cercado de expectativa, ele decepcionou no início da temporada, depois cresceu com Marcelo Oliveira, teve uma queda de rendimento, mas voltou a ter boas atuações nas últimas partidas. Gols, inclusive um no clássico contra o Cruzeiro e bons jogos, mas também exibições apagadas. Variando entre titular e reserva, Clayton teve altos e baixos em sua primeira temporada no Atlético-MG, algo natural para um jovem jogador, ainda se adaptando a uma nova realidade.
Em entrevista exclusiva à Goal Brasil, Clayton falou sobre a adaptação no Galo, seu primeiro ano no clube, e também sobre a vida extracampo, além de muita resenha, é claro. Confira:
Como você avalia seu momento no Atlético-MG?
Estou sendo o jogador que a torcida, a diretoria, os companheiros e eu mesmo esperava. Estou contribuindo com gols, assistências e me encaixando melhor, tanto como titular quanto como reserva. A adaptação demorou um pouco.
O Marcelo Oliveira foi demitido e muito criticado no Atlético-MG, mas você cresceu com ele no comando. Como você avalia o trabalho com ele?
Quando o Marcelo chegou, ele me deu uma oportunidade logo de cara, de jogar já cinco jogos. Ele sempre me deu muita calma, me tranquilizou, disse que eu sou muito novo, pra ter tranquilidade, porque precisava de um tempo de adaptação também. O grupo também me deu confiança, comecei a me soltar mais nos treinos, entender melhor meu papel tático, consegui me encaixar, me saí bem e aproveitei as oportunidades, os gols foram saindo e estou muito feliz. O Marcelo e meus companheiros foram muito importantes para mim.
Por que o Clayton que encantou no Figueirense é tão diferente no Atlético-MG?
O Figueirense é um clube bom, mas eu era a principal peça da equipe, a bola chegava muito em mim, os companheiros me procuravam muito. No Atlético, com Robinho, Fred, Pratto e vários jogadores de qualidade absurda, é diferente, porque a bola não chega o tempo todo em mim. Eu entendi melhor meu papel tático depois, de jogar pelo lado do campo, ajudar mais na marcação e na recomposição e trabalhar com jogadas de velocidade.
Como tem sido a convivência com jogadores como Fred, Robinho, Pratto e Victor? Além de jogar muita bola, a gente percebe que os caras brincam muito também.
Aqui não dá pra ficar sério. Às vezes você precisa de concentração, porque está dando uma entrevista ou tentando se concentrar em alguma coisa, mas os caras já chegam zoando e brincando, ainda mais comigo, que sou mais novo, aí o pessoal fica brincando comigo e pegando no meu pé.
Mas eu entro na brincadeira também. E isso é muito bom, porque o clima bom e leve fora de campo ajuda dentro das quatro linhas. Mas eles têm o momento de brincar, mas também o momento sério, de dar conselhos e tudo. Está sendo um grande aprendizado na minha vida trabalhar com Fred e Robinho, que eu cresci admirando.
Conta uma resenha sua com a galera no Galo
A gente joga muito videogame junto, eu costumo jogar direto com o Fred, e a gente sempre faz algumas apostas. O Robinho também fica me sacaneando o tempo inteiro, falando que eu não toco a bola pra ele e pro Fred (risos).
Nota da reportagem: durante a resposta, Fred e Robinho aparecem e ficam trollando Clayton. Fred diz que Clayton realmente não toca a bola pra ele nunca, enquanto Robinho brinca: "fez um golzinho e já quer dar entrevista, p**** tá de sacanagem. Não quer treinar não, né, seu cachorro?"
(Risos) Você falava dos duelos com o Fred no videogame. Quem costuma levar a melhor?
Sem dúvidas eu levo a melhor. Até hoje não encontrei ninguém do meu nível, nem na internet e nem nos clubes. Já rodei Seleção e tudo, mas ninguém do meu nível apareceu e eu ganho de todo mundo. Estou procurando alguém do meu nível, que seja bom, para dar pressão no Fifa (risos).
(Risos) Com qual time você gosta de jogar?
Sou muito viciado em Fifa. Gosto de jogar com o Manchester City. Já jogo com eles há cinco anos e acho que é um ótimo time. O pessoal sempre fica brincando na hora, falando: 'pô, vai jogar com o City?', mas aí depois todo mundo vê que não dá pressão (risos).
Além de videogame, o que você gosta de fazer fora de campo?
Eu gosto muito de sair com a minha família, sair pra jantar, ir ao cinema, ver os novos filmes que estão pintando. Eu gosto muito de ver filmes e também de levar minha mulher no shopping, no mercado... Gosto de sair de casa e aproveitar a família.
Tem algum filme e ator favorito?
Gosto do Denzel Washington e do Morgan Freeman, são os melhores atores pra mim e sempre procuro ver filmes deles.
E música?
Gosto de músicas internacionais, mas principalmente de pagode antigo e grupos mais antigos como Raça Negra, porque acho as letras e as músicas melhores. Não criticando as músicas do momento, mas prefiro a turma mais antiga.
Qual o seu jogador favorito?
Gosto muito do Neymar. Claro que o Messi é um gênio e o Cristiano Ronaldo é um robô que faz de tudo, mas eu sou muito fã do Neymar.
No começo da carreira, qual jogador você admirava? Tem algum ídolo?
Gostava muito do Ronaldinho e do Henry. São dois jogadores que eu sempre admirei muito.
Como foi o início da sua carreira? Você nasceu no Rio, mas cresceu em Santa Catarina...
Meu pai foi jogador e técnico. Eu nunca tive outros brinquedos, sempre era bola e algo relacionado ao futebol. Sempre sonhei em ser jogador. Eu sou carioca mas muito novo fui para Santa Catarina, meu pai foi meu treinador na escolinha dele e joguei futsal e campo até os 11 anos.
Com 11 anos eu passei em testes no Internacional e no Santos, em 2007. Mas em 2007, no fim do ano, antes de eu entrar de férias, o Moisés, pai do Filipe Luís, que é muito amigo do meu pai, ligou pro meu pai e falou pra me levar pro Figueirense. Eu passei no teste e o Moisés me convenceu a ficar no Figueirense, porque era perto da minha casa e eles me fizeram uma boa oferta, com apartamento e tudo. Foi um bom começo e fiquei no Figueirense até virar profissional.
(Fotos: Bruno Cantini/Atlético-MG)
Você chegou a conviver com Roberto Firmino e Filipe Luís no Figueirense?
Com o Filipe Luís não, mas em 2008 eu convivi com o Firmino na base, vendo muitos jogos do profissional. Não cheguei a jogar com ele, por causa da idade, mas convivi com ele. O Firmino sempre foi discreto, mais na dele. Todo mundo comemorava gol e brincava, e ele só dava risada. Mas ele é um cara muito bacana e que merece o sucesso que está tendo.
Por que você escolheu se transferir para o Atlético-MG ao invés de outras equipes que te procuraram?
Sempre vi o Atlético como um grupo muito forte, com um ótimo padrão de jogo. Escolhi o Galo pelo elenco e também porque foi o primeiro clube a me procurar, procurar meus empresários e o Figueirense, viajar até Florianópolis. O projeto que o Galo me apresentou foi muito bom também e hoje eu só tenho a agradecer.