O reencontro do goleiro Aranha com a torcida do Grêmio não foi nada amigável. Em 2014, quando jogava no Santos, ele tinha sido vítima de racismo na arena tricolor. Neste domingo (16), defendendo a Ponte Preta, ele foi vaiado pela torcida adversária em diversos momentos e, depois do jogo, criticou os gaúchos.
"Quando eu volto aqui, procuro não estar olhando para arquibancada, mas uma hora não dá. A cada vez que eu olho, só vejo ódio na cara das pessoas. Eles têm certeza de que eu sou o errado. É uma tristeza pelo clube que é o Grêmio", observou Aranha.
Depois ele estendeu a crítica para torcedores de outros clubes e estados: "isso acontece aqui, principalmente, mas na região sul geralmente é assim. Já aconteceu comigo em vários jogos, mas falta de respeito é geral. Ninguém me viu provocando torcedor ou algo nesse sentido, mas sendo hostilizado o tempo todo, sem poder revidar. É complicado e você fica magoado".
Presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Jr. rebateu Aranha e voltou a reclamar do episódio de racismo de 2014. Ele considera que o time tricolor foi injustiçado, pois recebeu como punição a eliminação da Copa do Brasil.
"(Estou) Decepcionado. Aquilo marcou profundamente o Grêmio. Mas aqui passou, morreu. Já pagamos caro e injustamente, injustamente, de modo coletivo para situação individual. Outros fatos posteriores não tiveram mesma repercussão e consequências. Mas da memória do torcedor não é possível apagar o fato. O torcedor também se dói pelo clube, tanto ou mais que o dirigente. Apagar da memória não dá, aquilo foi uma encenação. E teve clamor público de tal ordem que houve condenação. O Grêmio trata o assunto por encerrado há tempos, não entendemos que foi uma decisão justa, foi injusta", criticou Romildo.
O presidente revelou que pediu para a torcida organizada não fazer cantos racistas a Aranha: "o Grêmio trabalhou preventivamente. O clube conversou com as organizadas e pediu para que não se cantasse aquele cântico. Prevendo que poderia ocorrer, pedimos. E fica o agradecimento aos torcedores".
Dentro do estádio foi visto um garoto que levou um cartaz pedindo desculpas a Aranha. Não deu para o goleiro ler, mas ele foi informado sobre a mensagem e, apesar de ficar satisfeito, destacou: "tem exceções, mas é triste o conceito de vida que eles tem aqui".
Questionado sobre o assunto, o técnico de Aranha, Gilson Kleina, tentou amenizar a polêmica: "ele fala isso porque foi na pele dele, mas não acho que seja algo que ele fique fomentando. Não vejo que o Aranha queira dizer que todo mundo é racista aqui".