O milagre não era o triunfo da Nigéria contra a Islândia, o da Argentina sobre a Nigéria e outro resultado amável da Croácia contra a Islândia. O milagre foi ter chegado até aqui, ao contrário de Itália, Holanda e Chile, que não têm um Messi para disfarçar a má administração da liderança há 10 anos.
Um Messi que, apesar de tudo, desapareceu contra a Croácia, sem contribuir com seu futebol, vontade ou liderança. Um Messi que a Argentina, cheia de improvisações, precisará muito para agarrar a última chance que lhe resta.
Desde 2006, oito treinadores tentaram domar a seleção argentina. Oito homens com seus ideais, filosofias e egos. Pekerman, Basile, Maradona, Batista, Sabella, Martino, Bauza e Sampaoli.
Durante esse tempo, passaram 11 técnicos pelo México, seis pelo Brasil, assim como na Colômbia e no Chile. Na Espanha três (ou quatro, se contarmos com Hierro). Apenas um no Uruguai e na Alemanha. “Gostaria que fossemos como a Alemanha e trabalhássemos como eles”, disse Messi em uma entrevista à TyC Sports, há menos de um mês.
Messi tomou a liderança da seleção a partir dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Os argentinos exigiram muito dele por anos, que ele jurasse “glória ou morte”, e tivesse a personalidade de Maradona.
No Barcelona, ele consegue cinco gols por jogo, e na seleção não joga nada. Obviamente: lá não o marcam, na América do Sul é diferente. Só toma chute.
A paixão e a ilusão são o que levam os argentinos a celebrar os gols de Musa, enquanto os de Messi não chegam. Seu último grito de gol em Copa do Mundo foi exatamente contra a Nigéria. Será que, na terça-feira (26), São Petersburgo será a terra da ressurreição argentina?