Em 2016, a Seleção Brasileira e Neymar enfrentaram uma grande questão: dar prioridade a Copa América ou os Jogos Olímpicos?
O debate dominou o foco da mídia brasileira por meses antes da confirmação de que o capitão Neymar lideraria a equipe na busca pela inédita medalha de ouro e ficaria de fora da edição especial da Copa América, que aconteceu nos Estados Unidos.
A Canarinho se manteve de olho no torneio, mas concentrou as forças em outros lugares. Três anos depois, no entanto, a Seleção encara a competição com uma mentalidade bem diferente. Agora, a Copa América pode definir os passos a serem dados na Seleção Brasileira nos próximos anos.
Depois da Copa do Mundo da Rússia, Tite foi convidado a seguir no comando da Seleção, com o intuito de dar continuidade no trabalho que começou a ser desenvolvido justamente depois dos Jogos Olímpicos. Os recordes e o bom desempenho até o confronto contra a Bélgica convenceu a CBF de que ele é o homem certo para liderar o Brasil no torneio que acontece no país e no Qatar, em 2022.
A primeira etapa do plano de curto, médio e longo prazo desenvolvido pela comissão técnica foi concluído com sucesso. A Seleção somou seis vitórias em seis jogos no Brasil Global Tour após a Copa da Rússia. As respostas estão surgindo em alguns setores como Richarlison, Arthur e Alan, todos emergindo na Canarinho.
Mas a pressão é para provar que o trabalho pode realmente conduzir o Brasil de volta ao caminho das conquistas, começando pela Copa América disputada em casa. Tite está ciente disso e sabe que terá sorte caso sobreviva a um resultado que não seja a vitória brasileira.
"Temos que jogar muito bem e temos que vencer. Devemos ser campeões", disse Tite em novembro. "No mínimo, devemos chegar à final. E, antes disso, ter um bom desempenho. Digo isso porque vivemos em um país que vive o futebol".
Mas, claro, esse nem sempre foi o caso. A terceira nação mais bem sucedidade na história dos 100 anos de torneio, muitas vezes, deu prioridade a outras competições, o termômetro fica por conta do desemepenho nas Copas do Mundo.
É o torneio continetal mais antigo do futebol e teve grande importância no papel da formação da primeira Copa do Mundo em 1930. Foi na Copa América. que o Uruguai começou a se preparar para as Olimpíadas de Paris de 1924, onde impressionou os europeus até o caminho do ouro.
O Brasil, ao lado de Chile, Argentina e Uruguai foram os principais "atores" desde o início. A Seleção ganhou o torneio pela primeira vez em 1919, como anfitriões, três anos após ter sido formada. Em 1922, quando voltou a receber o torneio, também faturou a taça.
Passaram-se 27 anos até o terceiro título do Brasil, que aconteceu em 1949. E um espaço de 40 anos até o quarto, em 1989, também em casa. A Seleção teve que esperar até 1997 para ganhar a primeira taça fora de seus domínios e as vitórias de 1999, 2004 e 2007, levaram o Brasil a somar 8 coroas, atrás apenas do Uruguai.
No entanto, das 44 edições até hoje, a Seleção ficou de fora de 9. Eles deixaram o torneio completamente depois de sair em 1967, um ano que foi imediatamente seguido por quase uma década sem uma Copa América de qualquer espécie, já que o êxodo de jogadores para a Europa tornou cada vez mais difícil para o continente reunir seus melhores e mais brilhantes.
Ao longo dos últimos 20 anos, o torneio sofreu algumas mudanças, mas não perdeu a sua importância. A base do ressurgimento do torneio tem muito a ver com o processo de qualificação adotado para a Copa do Mundo. Partidas competitivas regulares praticamente obrigaram equipes como Venezuela e Equador a escalarem jogadores jovens contra equipes mais experientes e fortes.
O recente sucesso da Copa América tem sido em grande parte devido ao calendário, com a edição de 2011 sendo a primeira em décadas a receber a prioridade máxima das confederações. Um ano depois da Copa do Mundo, dando o início do novo e grande ciclo no processo de classificação para o próximo mundial.
Mais uma vez, equipes de todo o continente chegarão no torneio em fases diferentes. Alguns em estado de transição, outros com recomeços. Apenas quatro dos dez países da América mantiveram seus treinadores. Para muitos, o torneio proporcionará uma rara oportunidade de passar um longo período com seus jogadores e consolidar uma ideia, e uma forma de jogar de olho no início das Eliminatórias da Copa do Mundo.