A crise da Canarinho: cai o terceiro técnico em dois anos

O mais recente a cair foi Dorival Júnior, demitido de forma fulminante nesta sexta-feira, pouco mais de um ano após assumir o cargo.
A gota d’água para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi a humilhante goleada por 4 a 1 sofrida contra a Argentina, na última terça-feira, no Monumental de Buenos Aires.
O resultado abalou ainda mais o moral de um elenco que parece sem rumo, a pouco mais de um ano da Copa do Mundo de 2026, que será disputada no México, Canadá e Estados Unidos.
Toda a indignação com a pior derrota para a Albiceleste desde 1964, recaiu sobre Dorival Júnior. De nada adiantou o experiente treinador afirmar que confiava "muito" em seu trabalho e que "jamais desistiria".
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, recém-reeleito, perdeu a paciência e decidiu demitir Dorival, que comandou a Canarinho em 15 partidas, com sete vitórias, sete empates e duas derrotas.
Ele começou de forma animadora em março de 2024, vencendo a Inglaterra, em Wembley, por 1 a 0 e empatando, por 3 a 3, com a Espanha, no Santiago Bernabéu.
Mas a Copa América nos Estados Unidos foi um duro golpe: apenas uma vitória em quatro partidas e eliminação nas quartas de final para o Uruguai.
Nas eliminatórias sul-americanas, a equipe também não engrenou: derrota para o Paraguai, empate em casa com Venezuela e Uruguai, além da goleada para uma Argentina desfalcada.
Dorival foi apenas a última vítima de um cargo que já havia sido ocupado por Ramon Menezes e Fernando Diniz, ambos com o mesmo destino.
Os dois comandaram a seleção de forma interina, pois, após a saída de Tite ao fim da Copa do Mundo do Catar 2022, a CBF insistiu, sem sucesso, em esperar pelo italiano Carlo Ancelotti, que tinha contrato vigente com o Real Madrid.
Menezes, hoje técnico da seleção sub-20, durou apenas três jogos; Diniz, seis. Nesse período, o Brasil acumulou marcas históricas negativas nas eliminatórias sul-americanas.
Em novembro de 2023, sob o comando de Diniz, o Brasil sofreu sua primeira derrota em casa na história das eliminatórias, justamente contra a Argentina (1 a 0). Poucos dias antes, havia perdido para a Colômbia (2 a 1) pela primeira vez na competição.
Para piorar, Neymar, peça fundamental da Canarinho, iniciou um longo processo de recuperação após romper o ligamento cruzado anterior e o menisco do joelho esquerdo.
O camisa 10 do Santos não veste a amarelinha desde outubro de 2023.
Ele chegou a cogitar um retorno nesta última data FIFA, mas uma nova lesão muscular o impediu de atender à convocação de Dorival, que assumiu a seleção em janeiro de 2024 e se despede sem nunca ter contado com o ex-jogador de Barcelona e Paris Saint-Germain.
Sem Neymar, o Brasil perdeu quase metade das partidas que disputou.
Ainda assim, a pentacampeã mundial continua contando com alguns dos melhores jogadores do planeta: Vinícius Júnior, Rodrygo, Raphinha, Alisson, Gabriel Magalhães...
Mas nenhum deles assumiu de fato o protagonismo. Vinícius, que já conquistou tudo com o Real Madrid, tem apenas seis gols em 39 partidas pela seleção principal. Rodrygo marcou sete em 33 jogos.
O meio-campo ainda não encontrou um substituto à altura de Casemiro, preterido. O time também carece de um camisa 9 de peso, como foram Ronaldo Nazário, Romário ou Adriano. E a defesa tem sido um verdadeiro problema.
Quem será o técnico capaz de recolocar o Brasil no topo?