Merecidamente, o Cruzeiro está nas quartas de final da Copa Libertadores, após eliminar o Flamengo, nesta quarta-feira (29), vencendo o confronto no placar agregado por 2 a 1, mas perdendo o duelo de volta por 1 a 0. A Raposa aguarda o vencedor de Boca Juniors e Libertad para saber seu adversário na próxima fase (os Xeneizes venceram o embate de ida, na Argentina, por 2 a 0, o jogo de volta é nesta noite, às 19h30 - de Brasília), mas a história poderia ser diferente.
Isso porque o Cruzeiro errou demais e flertou com a eliminação contra o Flamengo. Primeiro, mais uma vez com o pragmatismo exagerado e a teimosia de Mano Menezes. A Raposa tem time e elenco para jogar muito mais do que tem jogado e não ficar jogando apenas com o regulamento debaixo do braço. A postura tem sido essa em diversos jogos decisivos e quase custou caro algumas vezes, não só contra o Rubro-negro, mas também contra o Santos, recentemente.
É verdade que apesar da enorme vantagem carioca na posse de bola (62,2% x 37,8%), o número de finalizações das duas equipes foi o mesmo (10 para cada), sendo que o Cruzeiro acertou o alvo três vezes e o Flamengo apenas duas. Fábio não fez nenhuma grande defesa ao longo dos 90 minutos, enquanto Diego Alves fez um milagre e outras duas boas intervenções.
Liderado por um Everton Ribeiro em noite inspirada, com excelente exibição, o Fla teve boa atuação, fez um bom jogo, ficou perto de levar a decisão para os pênaltis e poderia até ter feito mais, mas faltou criar chances mais claras. Ficou no campo de ataque praticamente o jogo inteiro, mas não conseguiu penetrar na compacta defesa celeste e fazer Fábio trabalhar. Não à toa, apostou demais nos cruzamentos, cruzando 14 bolas na área ao longo da partida.
A estratégia de usar Vitinho como falso 9 também não deu certo. O Fla sentiu falta de uma referência no ataque, ainda que Henrique Dourado não viva boa fase, até por ter cruzado bolas em demasia na área.
Já o Cruzeiro, com seu 4-2-3-1 e time habitual, se limitou a cozinhar o jogo. É verdade que a história seria diferente se Hernán Barcos não tivesse perdido um gol inacreditável aos 21 minutos, e a Raposa não tivesse perdido outras boas chances, a melhor delas com Thiago Neves, que parou em defesa sensacional de Diego Alves.
Mas o fato de ter tido uma boa atuação defensiva, não ter visto seu goleiro trabalhar e ter tido boas chances em contra-ataques não mudam o fato de que o Cruzeiro, mais uma vez, complicou uma partida de forma desnecessária. Se o time tivesse atuado de forma menos pragmática, como tem sido a marca com Mano Menezes, poderia ter matado o confronto antes e corrido menos riscos.
Sim, o gol perdido por Barcos teria mudado todo o panorama da partida e o esquadrão estrelado perdeu outras chances, mas o Flamengo fez 1 a 0, pressionou em busca do segundo gol e levou perigo em algumas jogadas, especialmente em bolas aéreas. A Raposa flertou com a eliminação por conta de seu pragmatismo exagerado e das chances perdidas no ataque.
Além disso, mais uma vez fica claro que Mano Menezes precisa parar de ser teimoso e insistir em Barcos. O argentino não vive boa fase e, mais uma vez, perdeu uma chance inacreditável de gol. O treinador ainda demorou para substituí-lo, só o fazendo após o Flamengo marcar. O jovem Raniel precisa ser titular no ataque enquanto Fred e Sassá não estão disponíveis.