Dudu foi eleito craque do Brasileirão 2018. Praticamente indiscutível. O camisa 7 do Palmeiras foi o jogador com maior participação direta em gols nesta edição do campeonato (21), além de ter sido líder de assistências (14) no caminho até o título alviverde.
O meia de 26 anos tem contrato até 2022 com o Palmeiras e atrai o interesse do exterior, mas talvez o seu principal sonho esteja na Seleção Brasileira, que em 2019 disputa em casa a Copa América. Ao longo de sua carreira, Dudu entrou em campo apenas três vezes com a camisa canarinho - duas em 2011 e uma em 2017, na lista que contava apenas com jogadores que atuavam em território nacional para o amistoso contra a Colômbia, que homenageou as vítimas da tragédia da Chapecoense.
Provavelmente, o maior artilheiro do Palmeiras neste século (55 gols) será lembrado em breve por Tite.
Engrenar uma carreira longa pela Seleção, entretanto, é outra conversa. Não apenas pela dificuldade de ver um meia que atua no futebol brasileiro conseguir vaga em meio à competição com os astros da Europa: desde 2014, quando iniciou o último ciclo visando Copa do Mundo, nenhum dos líderes de assistências do Brasileirão conseguiu marcar o seu lugar na equipe nacional.
Everton Ribeiro (11 assistências em 2014), Jadson (12 em 2015), o próprio Dudu em 2016 (10) e Gustavo Scarpa (em 2016 deu passes para 10 tentos, e no ano seguinte subiu para 12) estiveram longe de serem figurinhas carimbadas nas convocações. Todos eles meias ou pontas, concorrendo com nomes como Neymar, Willian, Courinho, Douglas Costa e outros.
Mas não é algo direcionado apenas à posição nos gramados. Considerando os últimos jogadores eleitos como craques do Brasileirão, a verdade incômoda é que menos da metade engrenou uma sequência respeitável, digamos, por suas seleções. A CBF organiza a premiação desde 2005, e dentre as 13 edições apenas cinco atletas foram figuras constantes em suas equipes nacionais. Ou seja: 38,4%, muito menos da metade.
Em 2005, Tévez ainda era chamado constantemente para a Argentina e seguiu assim no período subsequente à premiação. Neymar (2011) dispensa comentários. Maior artilheiro do Brasileirão de pontos corridos, Fred recebeu a honraria em 2012 e teve papel importante na Copa das Confederações, além de ter sido titular no Mundial de 2014. Renato Augusto (2015) e Gabriel Jesus (2016) completam a ala da minoria que conseguiu um lugar nas equipes nacionais.
Hernanes ganhou sequência anos após ter recebido o prêmio
Quando recebeu as premiações de 2006 e 2007, Rogério Ceni não foi chamado nenhuma vez desde então – na casa dos trinta e poucos anos, já era consagrado e fez parte do elenco que conquistou o Penta em 2002. Diego Souza (2009) voltou a ser cogitado antes da Copa de 2018, mas não chega a dez partidas com a camisa canarinho. Conca (craque de 2010) nunca recebeu chances na seleção argentina, enquanto Everton Ribeiro (2013 e 2014) também não conseguiu um lugar. Jô (2016) chegou a ter convocação cogitada, mas não concretizada – seu último jogo foi no Mundial de 2014. Hernanes é o caso mais curioso. Craque do Brasileirão em 2008, só foi ser um regular na Seleção Brasileira a partir de 2010.
Dudu terá trabalho para cravar os eu lugar na Seleção
Dentre jogadores que atuam como meias ou pontas, apenas Neymar – um grande ponto fora da curva – garantiu a sua vaga como selecionável constante após ser eleito o craque o Brasileirão. Dudu merece uma chance, mas não será fácil convencer Tite a lhe dar a segunda, terceira, quarta ou quinta.