Como a implicância com Fernando Diniz mostra resistência a novas ideias

BeSoccer há 6 anos 321
Como a implicância com Fernando Diniz mostra resistência a novas ideias. Goal

Treinador do Fluminense foi bastante criticado durante o 5 a 4 contra o Grêmio, mas as cornetas silenciaram após a virada histórica.

O placar da Arena Grêmio marcava 3 a 0 para o time gaúcho em cima do Fluminense quando muitos comentários, ofensas e críticas direcionadas especialmente a Fernando Diniz, técnico do Tricolor carioca, começaram a surgir nas redes sociais. No que pode ser considerado um dos melhores jogos do ano até aqui, o Fluminense teve uma incrível reação e venceu a partida por um chamativo 5 a 4.

À medida que os gols cariocas saíam, muitos dos críticos de oportunidade se calavam diante da remontada e consequente vitória do Fluminense. E, pelo menos até a próxima partida, as cornetas seguem silenciosas sobre o trabalho de Fernando Diniz.

Idolatrado por vários dos adeptos do futebol moderno e criticado por muitos dos que defendem uma visão mais tradicional do futebol, Fernando Diniz é um grande exemplo de como ideias novas ainda encontram resistência no Brasil.

Diniz alinha-se, em algum grau, às ideias propostas por Renato Gaúcho e Jorge Sampaoli. Com métodos diferentes, os três técnicos no Brasil hoje são os que pensam seus times de maneira mais ofensiva e valorizam a posse de bola. Entretanto, a implicância é maior com Diniz e algumas razões existem para isso.

Sampaoli e Renato Gaúcho já têm o currículo consolidado. O argentino já venceu a Copa América com a seleção chilena, já treinou times na Europa e comandou a Argentina na última Copa do Mundo, na Russia. Já Renato Gaúcho, além de ser ídolo do Grêmio e da maior torcida do Brasil - Flamengo - sempre fez mais o tipo do "boleiro" do que do técnico "estudioso". Vale lembrar o episódio em que ele deixou de ir ao curso da CBF para ficar na praia, algo que ele fez questão de ressaltar em entrevista. A torcida do Flamengo, inclusive, pediu a demissão de Renato do Grêmio, para que o Fla possa acertar com ele.

Diniz nunca ganhou um título como técnico e nem foi um jogador de grande expressão como Renato. Sempre apoiado em um futebol estudado e técnico, o comandante do Fluminense vai na contramão da tendência de futebol reativo que se observa no Brasil.

Pela clara influência sofrida pelas ideias de Pep Guardiola e outros que prezam pela posse de bola, Diniz é visto como um excêntrico no Brasil. Por não negociar com fatores de jogo que têm marcado o futebol brasileiro nos últimos anos, Diniz é visto como um grande teórico, que não traz resultados. Em suma, pode-se enteder isso na ideia de que os times de Diniz jogam para vencer, enquanto outras equipes claramente jogam para não perder. E essa é uma perspectiva que diferencia completamente seu modo de jogar.

Diniz ganhou maior notoriedade como técnico do Audax, no campeonato Paulista de 2016, quando levou o time de Osasco ao vice-campeonato, perdendo para o Santos na finalíssima. O estilo de jogo envolvente, baseado na posse de bola e troca rápida de passes, foi bastante elogiado à época.

Entretanto, vale lembrar, para além do exemplo clichê do Audax, o caso do Athletico Paranaense. Demitido poucos meses depois de sua contratação, Diniz viu tanto seus ex-jogadores como o próprio técnico Tiago Nunes elogiarem o trabalho feito por ele no primeiro semestre de 2018, que acabou culminando na conquista do mais importante título do Furacão em sua história: a Copa Sul-Americana.

Não se pretende dizer que Diniz é um revolucionário ou gênio do futebol. A questão parece ser uma abertura ao diálogo, ao diferente e a novas ideias. Teórico ou não, ele mostrou que um futebol técnico não se separa de um futebol jogado com paixão e alma. No confronto de dois dos técnicos mais comentados do momento, Diniz mostrou que tem repertório e ideias para duelar no mais alto nível.

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