Dois estilos diferentes, mas a mesma determinação: dar o seu cunho à equipa. Assim se comportam os argentinos Mauricio Pochettino, à frente do PSG, e Jorge Sampaoli, treinador do Olympique Marseille, que ocupam os dois primeiros postos da Liga Francesa.
A substituição de Leo Messi com ainda um quarto de hora de jogo do passado domingo contra o Lyon foi uma das demonstrações mais mediáticas desta mão dura argentina.
O seis vezes vencedor da Bola de Ouro não está habituado a abandonar o terreno de jogo e mostrou o seu desagrado com os seus gestos e a sua cara de surpresa.
Na conferência de imprensa, Pochettino renvendicou a sua posição de treinador que ''deve tomar decisões'', inclusivamente com as grandes estrelas do seu plantel.
Noutro grande clube francês, Sampaoli também não treme. Aos seus 61 anos, o ex selecionador não se vê pressionado por um clube carregado de vacas sagradas que foi dominando desde que chegou em Fevereiro, para ir construindo o plantel à sua imagem e semelhança.
O melhor exemplo da sua firmeza é o histórico capitão e emblemático guarda-redes Steve Mandanda, um herói na cidade, intocável até agora e enviado para o banco pelo técnico de Casilda.
Sem Vacas Sagradas
O homem que mais vezes vestiu o emblema do Marseille, 596, teve poucas oportunidades debaixo dos postes às ordens de Sampaoli, que prefere o espanhol Pau López.
Uma aposta arriscada, porque Mandanda é querido entre os adeptos que têm uma enorme influência na equipa, através de associações e clubes de fãs que não hesitam em fazer-se ouvir quando uma decisão não os agrada.
O treinador também não se acanha quando se trata de sentar as contratações mais caras ou se tem que mudar o capitão da equipa: quatro jogadores diferentes já utilizaram a braçadeira.
O método Sampaoli, por agora, conta com o aval dos resultados. 13 pontos em cinco jogos que os colocam em segundo lugar da tabela, a cinco pontos do líder PSG, mas com um jogo a menos.
O treinador trouxe ao Marseille um ritmo intenso que já não se conhecia. Os treinos têm a intensidade do treinador, o que provocou ao início queixas de alguns jogadores, mas que, pouco a pouco, se foram desfazendo.
A equipa corre mais que nunca, pressiona sem dar descanso ao rival, uma aposta que obriga todos a seguir a locomotiva de Sampaoli.
A tarefa é mais difícil para Ponchettino. O ex treinador do Tottenham, de 49 anos, deve combinar firmeza com diálogo num balneário cheio de estrelas, sabedor de que o nível de exigência é extremo.
O episódio de Messi, que desde 2010 só tinha sido substituído em 5% dos jogos, incluidos os internacionais, mostram bem a sua gestão da equipa.
DIÁLOGO E FIRMEZA
O treinador argentino não deu nenhuma explicação sobre a alteração, ainda que posteriormente o clube tenha revelado que, um minuto antes, Messi tinha sofrido uma entrada dura e Pochettino quis protegê-lo com olhos postos já nos próximos jogos.
A mudança é ainda mais simbólica se se tiver em conta que se tratava do primeiro jogo de Messi no Parque dos Príncipes desde que assinou pela equipa francesa.
Num balneário em que também estão figuras como Neymar e Mbappé, a demonstração de autoridade tem uma repercussão enorme.
À diferença de Sampaoli, que se tomou as rédeas de um clube à deriva, Pochettino tem uma margem de manobra limitada: só a conquista da Champions League salvará a sua temporada.
Perder o apoio do balneário seria um golpe letal, como já comprovou o seu antecessor, o alemão Thomas Tuchel, que acabou destituído em janeiro.
Então chegou Pochettino com o seu carácter conciliador tem que se manter firme para não se ver superado pelas suas estrelas.
Poucas vezes o argentino eleva o tom, ainda que testemunhas afirmem que consegue mostrar-se firme no balneário quando a equipa não dá o máximo, como no anterior jogo da Champions League com o Brugge (1-1).
A temporada passada reprovou Neymar que não cumpria as regras coletivas e agora parece querer manter a sua autoridade com a nova estrela.
O treinador quer ter a autoridade e não se compromete com ninguém, nem sequer com o guarda-redes Keylor Navas, adorado pelos adeptos, mas cujo posto entre os postes não está assegurado.