O futebol está de luto, especialmente os rivais mineiros.
Pela paixão, as opiniões de atleticanos e cruzeirenses quase sempre são diferentes, mas nesta quinta-feira (8), o discurso normalmente distinto das duas metades é o mesmo. A dor, a saudade, a perda, a reverência. Todas elas são únicas.
Faleceu, nesta quinta-feira, após luta contra um câncer no estômago, aos 61 anos, o diretor de futebol do Atlético-MG, Eduardo Maluf, que também exerceu o mesmo cargo no Cruzeiro por mais de uma década.
Quem conhece e conviveu com Maluf já sente saudade da sua educação, do respeito que tinha com todos, do profissionalismo e da boa pessoa que era, conciliadora, de ótima convivência. Amigo de todos.
E, claro, um baita profissional.
Goleiro do Valério, de Itabira, no campo e no futsal, ele ganhou notoriedade no mundo do futebol após encerrar a carreira como atleta e se tornar dirigente. Ele começou a nova fase de sua vida no próprio Valério, na década de 1990, sendo supervisor, diretor, vice-presidente e presidente do clube, esta função, por dois mandatos.
Depois do Valério, ele teve rápida passagem pelo Atlético-MG, em 2000, antes de começar a revolucionar o futebol mineiro no Cruzeiro e gravar, com letras maiúsculas, seu nome na história.
Como gerente e diretor executivo de futebol, Maluf fez um excelente trabalho no Cruzeiro. O dirigente ficou mais de uma década no clube, e foi fundamental na montagem dos elencos que marcaram época na 'Raposa' e estão gravados para sempre na história celeste. Com Maluf, a 'Raposa' conquistou a tríplice coroa em 2003 e disputou a Libertadores com frequência, inclusive chegando na final em 2009. Foram 16 títulos conquistados com o executivo.
No entanto, em 2010, ele deixou o Cruzeiro e foi para o Atlético-MG, onde fez ainda mais história. Maluf foi peça fundamental na reestruturação alvinegra durante a gestão de Alexandre Kalil, que voltou a tornar o 'Galo' um gigante vencedor e também elevou o patamar do clube fora de campo, melhorando consideravelmente a situação financeira e tendo uma evolução absurda em sua estrutura, inclusive com um CT moderno e sempre eleito um dos melhores do mundo. Maluf foi primordial na construção do time que conquistou a primeira Libertadores e a primeira Copa do Brasil da história atleticana, além de quatro estaduais e a Recopa Sul-americana.
Não à toa, a dor pela perda do eterno dirigente dos rivais é imensa e eles se uniram. O Cruzeiro divulgou nota oficial em seu site, enquanto o Atlético-MG fez o mesmo, decretou luto oficial de três dias e cancelou o treino da equipe profissional que iria ocorrer nesta tarde.
Certamente veremos mais homenagens nesta noite, já que o 'Galo' enfrentará o Flamengo, às 18:30 de Brasília, no Independência, na final da Copa do Brasil Sub-20, e a Raposa, às 21h (de Brasília), visitará o Bahia na Fonte Nova pelo Campeonato Brasileiro.
Os rivais se uniram na dor por uma enorme perda. No entanto, o legado de Maluf permanece. Durante e após a sua gestão, o Cruzeiro, que já vinha muito forte antes dele no final da década de 1990, sempre conquista ou luta por títulos, enquanto o Atlético-MG voltou ao lugar que lhe pertence historicamente, e se tornou o time mais vencedor do Brasil nos últimos anos após se reerguer com uma gestão que teve o dirigente como um de seus pilares.
Maluf infelizmente nos deixou, mas deixa um legado imenso, grandes trabalhos e revolucionou o futebol mineiro. O nome de Eduardo Maluf está gravado na eternidade. As lendas nunca morrem.