Não são apenas tempo de contrato, valores e forte concorrência do Brescia os obstáculos do Flamengo na tentativa de contratar Mario Balotelli. A 'Goal' apurou que o Rubro-Negro ainda tenta se aproximar de fato e ganhar a confiança do famoso empresário italiano Mino Raiola, que é o representante oficial do atacante desde 2010 e inicialmente não foi acionado para participar da negociação.
O nome de Balotelli chegou à Gávea por meio do ítalo-brasileiro Franck Assunção, com ajuda de outro agente italiano, Andrea Catolli. Ambos, no entanto, não trabalham diretamente com o goleador. Ainda assim, Assunção conseguiu colocar o jogador em contato com a diretoria rubro-negro, o que causou uma boa impressão.
A partir daí, os dirigentes passaram a tratar com a dupla, que estava disposta, aliás, a fazer toda a negociação sozinha. Tudo isso acabou por irritar Raiola, que só mais recentemente entrou no circuito.
Ciente do delicado impasse nos bastidores, o Flamengo resolveu então fazer uma "força-tarefa" para criar uma relação mais amigável e profissional com o responsável por gerenciar há anos a carreira de Mario Balotelli, numa parceria iniciada ainda nos tempos de Inter de Milão.
O primeiro passo flamenguista foi passar a dar total atenção para Mino Raiola e, consequentemente, deixar um pouco de lado Franck Assunção e Andrea Catolli. Depois, o clube enviou uma comitiva de peso à Europa, formada por Marcos Braz (vice-presidente), Bruno Spindel (diretor executivo) e Marcos Motta (advogado). Nas últimas horas, o trio passou a contar também com a assistência de empresário Giuliano Bertolucci, que tem bastante experiência e moral no mercado europeu de transferências.
Passado conturbado de Franck Assunção
Franck Assunção é velho conhecido do futebol brasileiro por ter protagonizado diversas polêmicas. Em 2009, por exemplo, conduziu a negociação do atacante italiano Christian Vieri com o Botafogo-SP. O presidente do clube de Ribeirão Preto chegou a declarar publicamente que a contratação estava "93% fechada", mas o acordo nunca foi concretizado.
Em 2012, Assunção voltou a atrair os holofotes. Desta vez, no Rio de Janeiro. O agente foi contratado para ser o diretor executivo do Vasco. Uma decisão tomada exclusivamente pelo então presidente Roberto Dinamite, que defendeu a escolha ao dizer que o empresário tinha um histórico de experiência no setor, tendo trabalhado no Chiasso, da Suíça, e no Ascoli, da Itália. Poucos dias depois da apresentação do mandatário, no entanto, o GloboEsporte.com publicou uma reportagem com os dois clubes europeus negando qualquer relação com o ítalo-brasileiro.
"O senhor Franck Assunção se aproximou do nosso clube como procurador de jogadores brasileiros, fingindo conhecer importantes investidores brasileiros interessados em até comprar o nosso clube. O senhor Assunção nunca ocupou nenhuma função em nossa sociedade, portanto, pedimos a ele e a vocês que não associem seu nome ao nosso clube", declarou o diretor esportivo e administrativo do Chiasso, Riccardo Bellotti, por e-mail.
"Eu não o conhecia, então fui perguntar para as pessoas da diretoria. Ninguém o conhece. Absolutamente, não, ele não trabalhou no clube". contestou a assessora de imprensa do Ascoli, Valeria Lolli, por telefone.
Assunção durou apenas um mês como dirigente do Cruz-Maltino, tendo sido afastado da função por "não corresponder ao esperado", retornando poucos meses depois com uma proposta de patrocínio de uma empresa multinacional, que rapidamente foi recusada.
A último caso midiático envolvendo Franck Assunção no Brasil teve Didier Drogba como personagem principal. Aconteceu no início de 2017. Sem autorização de Tcherno Seydi, que era o representante oficial do atacante marfinense, o ítalo-brasileiro tentou negociar com o Corinthians. A situação irritou Drogba e principalmente Seydi, o que acabou por influenciar diretamente no fracasso da transferência.