O brasileiro muitas vezes tem a capacidade de transformar um elogio extremamente criativo em crueldade. Por pura maldade. Bernard sofreu isso na pele. Na verdade, sofre até hoje.
"Alegria nas pernas". Assim Luiz Felipe Scolari descreveu o então jogador do Shakhtar Donetsk em 2013. Um comentário positivo que não tardou a ser encarado como chacota.
Na semifinal da Copa do Mundo de 2014, o atacante formado no Atlético-MG foi escolhido por Felipão para substituir o machucado Neymar diante da poderosa Alemanha. O resultado todos nós sabemos: vexatória goleada por 7 a 1.
A histórica derrota frente aos alemães marcou individualmente alguns jogadores. Bernard certamente foi um dos mais afetados, visto que tinha apenas 21 anos e acabou por "sumir" depois do "Mineiraço".
De 2013 a 2018, o atacante ganhou oito títulos na Ucrânia. Ainda assim, passou todo esse período praticamente "esquecido" aos olhos brasileiros. "Ah, o alegria na pernas" era a expressão usada por torcedores e até mesmo jornalistas nas poucas vezes que o nome do atleta era repercutido no país.
Bernard nunca foi craque. Mas tem - e sempre teve - muita qualidade. Provou isso no Atlético-MG, onde foi campeão da Libertadores, no Shakhtar Donetsk, sendo referência por quase seis anos, e, aos poucos, no Everton.
A primeira temporada do brasileiro nos 'Toffees' foi de adaptação. Fez 36 jogos e marcou dois gols em 2018/19. Já agora, em 2019/20, luta para ser um dos destaques de um time que até o momento tem decepcionado (ocupa apenas o 14º lugar na Premier League).
Diante de uma fase complicada dos comandados pelo português Marco Silva, o atacante mineiro pôde dar o ar da graça no último fim de semana. Melhor em campo, marcou um golaço na vitória por 2 a 0 em cima do West Ham.
A alegria nas pernas pede passagem na Inglaterra para ter uma sequência como titular.