Bi ou tetra? Entenda por que o Uruguai tem quatro estrelas no peito

O Uruguai está classificado para as oitavas de final da Copa de 2018. Após vencer a Arábia Saudita a equipe de Óscar Tabárez chegou a seis pontos e praticamente garantiu a vaga para a fase eliminatória da competição. Mesmo com ainda mais um jogo da fase de grupos por fazer os torcedores da celeste já começam a sonhar com o tricampeonato. Ou seria penta?
Primeiro time a conquistar a Copa do Mundo, em 1930 como país anfitrião, a Celeste tem uma grande história no mundo da bola. Levou o segundo título 20 anos depois, diante do Brasil no famoso episódio do Maracanazo. Além disso, a Celeste é a maior campeã da Copa América, com 15 títulos, um a mais que a Argentina. A tradicional equipe tem quatro estrelas no peito, símbolo que normalmente distingue os campeões mundiais. Mas por que quatro?
Para isso é necessário voltar um pouco até 1924. Nesta data a FIFA definiu que: "Uma vez que os Torneios Olímpicos de Futebol sejam realizados de acordo com os regulamentos da FIFA, esta reconhecerá este torneio como um campeonato mundial de futebol", diz um documento do arquivo histórico do organismo máximo da modalidade. Resumindo, o campeão olímpico seria considerado campeão do mundo pela FIFA.
No mesmo ano, nos Jogos Olímpicos de Paris isso aconteceu e o Uruguai levou o título após vencer a final contra a Suíça por 3 x 0. Quatro anos depois, em Amsterdã, a mesma situação e nova vitória uruguaia, agora sobre a Argentina por 2 a 1.
Com o sucesso do torneio, a FIFA resolveu criar a sua própria competição e ainda em 1928, mais precisamente no dia 26 de maio, o presidente Jules Rimet levou a ideia para um Congresso da FIFA, na Holanda, e foi definido que a entidade passaria a organizar uma competição entre as melhores seleções do planeta: nascia a Copa do Mundo.
Potência no futebol na época, o Uruguai já havia vencido duas Olímpiadas seguidas e levaria nestas décadas seis das primeiras 10 edições da Copa América e, por isso, foi decidido que organizaria o primeiro Mundial, em 1930.
Diante do seu torcedor, a Celeste foi a campeã novamente ao bater a Argentina na decisão por 4 a 2. Porém, quatro anos mais tarde, acabou desistindo de defender o seu título na Copa da Itália, como resposta ao desprezo europeu que em 1930 só enviou quatro representantes para a Copa (Bélgica, França, Iuguslávia e Romênia), por conta da longa viagem e da necessidade de prescindir de seus melhores jogadores durante dois meses.
Vinte anos após ganhar o primeiro Mundial organizado pela FIFA, em 1950, voltaria a ganhar o título diante do Brasil, levando a sua quarta estrela (duas olímpicas). Desta maneira, tem o mesmo número de estrelas que a Itália (1934, 1938, 1982 e 2006) e Alemanha (1954, 1974, 1990 e 2014), mas diferente dos demais campeões olímpicos, apenas o Uruguai é autorizado pela FIFA a estampar as duas estrelas "a mais" já que a entidade só deu status de campeão do mundo aos vencedores dos Jogos de 1924 e 1928.