Após os treinos em Teresópolis e Londres, os amistosos contra Croácia e Áustria, a Seleção Brasileira enfim pisou em solo russo.
O Brasil vai se preparar em Sochi, cidade com um dos climas mais amenos da Rússia e que tem média de temperatura entre 20° e 30° graus para a semana. O calor pode parecer algo estranho dentro da crença de que na Rússia só existe o frio.
Na verdade, assim como o Brasil, a Rússia é um país repleto de realidades e culturas diferentes. Sem querer fugir do clichê: vários países dentro de um só, algo que traz à mente uma imagem parecida com a da ‘Matrioska’ – aquela bonequinha com várias dentro de si.
E se os jogadores da Seleção irão vivenciar isso a partir desta semana, um brasileiro convive há tempos com as diferenças existentes no país-sede da Copa do Mundo de 2018. Léo Jabá, atacante de 19 anos revelado pelo Corinthians, foi um dos destaques no Campeonato Russo pelo Akhmat Grozny, clube localizado na capital da Chechênia, região do Cáucaso conhecida pelas guerras ocorridas na década de 1990 quando o lugar tentou a sua independência.
Por isso, até hoje é comum ver pessoas andando nas ruas armadas. Isso assustou Léo inicialmente, embora ele garanta que o lugar passe até mais tranquilidade do que algumas das maiores capitais do Brasil.
“Aqui eu nunca vi falarem de violência. Se tiver, é bem escondido. Você não vê isso na rua, e também você não vê nenhum mendigo na rua. Mas eles têm uma cultura que achei estranho: fui no mercado e vi um cara com uma pistola, você vê isso também quando vai cortar o cabelo... acho que é mais da cultura deles, a gente tem que se adaptar. No Brasil, é muito diferente: se você vir alguém com arma ou é traficante ou policial”, disse em entrevista à Goal Brasil.
Impressionado com o crescimento da cidade, que será o QG do Egito no Mundial, Léo também impressionou em seu primeiro ano longe de casa. Considerado o jogador mais rápido do futebol russo, chegou no decorrer da temporada e marcou três gols, que fizeram o clube terminar o ano em nono no certame. As suas boas atuações chamaram atenção das maiores potências do país e até mesmo equipes de maior peso na Europa.
“Cheguei aqui e me destaquei também pela minha força e velocidade. Eu procurei me adaptar, já que não fiz a pré-temporada (...) As características do campeonato também ajudaram a sair bem. A diferença para o Brasil é que aqui geralmente eles jogam com três zagueiros, e eles geralmente são mais velhos”, avaliou.
Perguntado sobre as grandes distâncias do país, Léo contou algumas histórias curiosas, como quando teve que ir quase até o Japão para disputar uma partida: “foram dez horas de voo. Menos 30 graus lá, até o fuso-horário é diferente, é a mesma hora do Japão. Muito frio”.
Por isso, o atacante, que tem contrato até 2020 com o clube checheno, garante: em termos deslocamentos, a vida do Brasil será tranquila no Mundial de 2018.
“Os estádios que o Brasil vão jogar (em Rostov, São Petersburgo e Moscou) são pertos, não vai ter dificuldade nenhuma”, garantiu o atleta ligeiro, mas que não tem pressa na construção de sua carreira. O objetivo é aproveitar ao máximo cada passo dado, no sonho de chegar, um dia, no lugar onde os comandados de Tite estão.
“Não é fácil deixar um clube como o Corinthians e vir para a Rússia. Mas eu tenho sonhos, quero chegar no alto nível, nos grandes da Europa. Estou contente, querendo jogar cada vez mais. Sou o jogador mais jovem do campeonato, e estou sendo considerado um dos melhores. Agora é continuar treinando, evoluindo, aprender cada vez mais e aproveitar essa chance de deixar o Brasil novo para evoluir bastante também como profissional e pessoa”, concluiu.