Talvez a Roma tenha sido o clube tradicional que mais teve dor de cabeça após o sorteio dos grupos da Champions League 2017-18. Ao lado dos Giallorossi no Grupo C estão Chelsea [atual campeão inglês] e Atlético de Madrid - que nos últimos anos chegou por duas vezes à grande decisão europeia.
Mas a chave também é casa do time mais alternativo desta edição. Afinal de contas, o Qarabag é o primeiro representante do Azerbaijão no maior palco do futebol europeu.
O Qarabag também é 'Mais que um Clube'
Fundado em 1951, os ‘Cavaleiros’ [alcunha da equipe] são a maior potência esportiva do país na atualidade. Além disso, e mais importante, representam toda uma massa de refugiados dentro do Azerbaijão.
Isso porque o Qarabag tem a sua origem na cidade de Agdam, território que após guerras contra a Armênia ficou sob o controle do país vizinho, cenário que segue desde 1993. Após as desgraças causadas pela tensa disputa no Cáucaso, o local ficou esvaziado enquanto inúmeros refugiados se espalharam pelo Azerbaijão.
O conflito que ainda divide a UEFA Os duelos 'brasileiros' na Champions League UCL: o que podemos esperar da fase de grupos?
Em meio à disputa bélica o Qarabag começou a colecionar os seus títulos, mas os tiros e bombas obrigaram o clube a se mudar para a capital, Baku.
Atleti foi campeão espanhol, em 2014, com patrocínio do Azerbaijão
Presidente do Azerbaijão, e membro da família que está no poder há mais de 40 anos no país, Ilham Aliyev é acusado de fraudes eleitorais e ameaças à imprensa. Mas também tornou-se conhecido pelo ímpeto de investir no esporte local.
O Atlético de Madrid, que será adversário do Qarabag, sabe disso muito bem: há poucos anos recebia patrocínio do governo azeri. Só que o investimento do país também era estimulado para o mercado interno, e quem se deu bem com a situação foi o ‘caçulinha’ da atual edição da Champions.
As participações na Europa League começaram a ser mais recorrentes para o atual tetracampeão nacional. Inclusive, chegando perto de avançar para o mata-mata na temporada 2014-15. Os Cavaleiros só não eliminaram a gigante Internazionale de Milão por causa de um erro grotesco da arbitragem.
É por isso que, ainda que seja candidato maior a saco de pancadas, é bom não achar que será tão fácil bater o Qarabag. O time tem a luta no DNA de sua história, e por isso representa tanto para os seus torcedores – que carregam sempre consigo a bandeira do país, como forma de avisar para o mundo que Agdam é do Azerbaijão.
Apelidados como ‘Barcelona do Cáucaso’ pelo futebol de passes em seu país, o time do brasileiro Richard Almeida [naturalizado] mostrou a sua competitividade ao bater o Copenhague – figurinha carimbada no torneio europeu – para garantir a sua vaga na fase de grupos.
No entanto, apenas participar do torneio já é um sonho. Qualquer coisa diferente de um último lugar e saldo de gols bem negativo será uma surpresa, mas tenha certeza de que o Qarabag já sai vencedor por representar um povo sem terra de um país com nenhuma tradição na elite do futebol mundial.