O ex-presidente do Corinthians Mário Gobbi lançou oficialmente a sua candidatura no último fim de semana e deixou a situação alvinegra, da qual já fez parte, em uma "sinuca de bico". Vencedora do pleito em quatro ocasiões, desde 2007, a chapa Renovação & Transparência ainda não indicou qual será o nome para a eleição deste ano, marcada para o dia 28 de novembro.
A demora, aliás, ilustra o complicado momento que vive o grupo que assumiu o comando do clube no ano do rebaixamento e, em 13 anos à frente do Timão, conseguiu praticamente todos os títulos possíveis para uma equipe brasileira.
O atual presidente Andrés Sanchez já falou várias vezes que "está cansado" e que não pretende se envolver na disputa deste ano. A oposição enxerga isso como "blefe" e espera a definição do diretor de futebol Duílio Monteiro Alves como representante da chapa. Na própria situação, porém, há dúvidas sobre a força do seu nome para vencer em um momento tão dividido no clube, com um adversário que simboliza uma das épocas mais vitoriosas da gestão recente.
Absoluta no começo do mandato por reconstruir a equipe pós-rebaixamento, a Renovação & Transparência se deu ao luxo de lançar o próprio Gobbi em março de 2011, quase um ano antes das eleições, realizadas em fevereiro de 2012.
Já no pleito seguinte, em 2015, ainda que o momento fosse bom, o grupo só revelou o nome de Roberto de Andrade em outubro de 2014, com quatro meses de antecedência. Àquela época, havia dúvida sobre qual seria o membro mais indicado, em disputa vencida pelo então diretor de futebol.
Depois do seu mandato mais conturbado até então, a R&T recorreu ao retorno de Andrés, visto como sustentáculo do grupo após os problemas vividos por Andrade. Em 2016, por exemplo, ele sofreu uma ameaça de impeachment no Conselho Deliberativo e precisou indicar nomes do grupo de Paulo Garcia para posições estratégicas (direção de futebol e finanças, por exemplo), tranquilizando o clima.
Nem mesmo a influência de Andrés, porém, foi o bastante para amenizar a oposição. Depois de ganhar um pleito acirrado em 2018, ele sofreu com críticas pelo aumento das dívidas e vai chegando ao fim do seu mandato pela primeira vez sem a certeza de que o grupo idealizado por si para derrubar a dinastia Helou/Dualib seguirá no poder.
Além de Gobbi e do candidato da situação, a eleição alvinegra já sabe que terá ainda na disputa Augusto Melo, um "outsider" que tenta angariar votos insatisfeitos com a política recente no Timão, e o próprio Paulo Garcia, velho conhecido no clube, diretor em alguns momentos das últimas décadas e uma das figuras mais influentes do atual Conselho Deliberativo.