Iker Casillas (37) deu uma entrevista à "UEFA.com" devido ao jogo do Porto e da Roma dos oitavos de final da Champions, competição que ganhou em três ocasiões, todas elas no Real Madrid (2000. 2002, 2014).
O ex-guarda-redes dos merengues revelou como vive esta etapa no Porto: "O dragão é parte história deste clube histórico, que ganhou dois títulos da UEFA Champions League, no antigo e no novo formato. É o meu lugar atualmente e sinto-me muito cómodo. Tenho muitas elogios para o FC Porto desde que cheguei aqui".
"É uma liga diferente mas acolheram-me desde que cheguei e estou muito feliz de ter partilhado muitos e grandes momentos com eles. No norte são do Porto, Porto e Porto desde muito jovens. Parece que faz parte deles", explicou.
Também falou dos seus 100 encontros na Champions: "Nunca imaginei que jogaria 100 jogos na Champions League. Olhando para trás, nesta nova perspetiva, assusto-me um pouco, porque significam muitos jogos, muitos momentos".
"É um recorde difícil de alcançar mas sinto-me extremamente orgulhoso de ter ganho a competição três vezes e de ter conseguido disputar a Champions League durante tanto tempo", acrescentou.
A sua primeira convocatória na primeira equipa do Real Madrid
"Era 1197 e estava nas aulas de desenho. Estávamos a falar do Real Madrid, sobre como se encontrava nesse momento. Foi em finais de novembro, e o Real estava a lutar na liga", começou Iker.
"(...) Tinha um jogo importante contra o Rosenborg na Noruega. Nesse momento, o diretor do instituto entrou na sala. Todos sabiam que jogava nas categorias inferiores do Real Madrid. Gostava de falar sobre o Real, como o fazia com os meus amigos. Disse-me: "Iker, podes sair um segundo?"
"Disse-me: Será melhor que apanhes um táxi e que tenhas pressa para chegar a Barajas porque o Real Madrid acabou de ligar à tua mãe e ela ligou-nos. Tens que ir para a Noruega".
"Senti-me como se tivesse ganho a lotaria. Recordo-me desse momento muito bem. Tinha 16 anos. Sai do instituto, fui a casa, mudei de roupa, apanhei um táxi rumo a Barajas e conheci todas as estrelas, tudo o que achas que é impossível quando és pequeno".
Passei de estar na aula com o meu companheiro Julio para me sentar na mesma mesa que Fernando Morientes, Clarence Seedorf, Fernando Sanz, Predrag Mijatović, Davor Suker e Raúl González. Era algo mágico e irei sempre recordá-lo", acrescentou.
A final da Champions de 2002
Casillas contou como viveu este jogo em que teve de substituir César Sánchez por lesão: "Não estava preparado para sair. Sempre joguei com mangas curtas porque me sentia mais cómodo e solto e não estava preparado. Tive que levantar-me do banco, sem ter mangas curtas, inquieto e nervoso por isso. Tive que cortar as mangas".
"O Javier Miñano, o preparador físico, ajudou-me enquanto o Del Bosque me dava instruções. Tivemos a sorte de ganhar e foi o meu segundo título de Champions contra um Bayern Leverkusen que tinha melhorado. As pessoas diziam que não parecia ser uma grande equipa mas estamos a falar de uma equipa com Michael Ballack e Yildiray Baştürk, muito bons jogadores nesse momento. Tinham eliminado o Manchester, a Juventus...", explicou.
"Recordo-o com muita felicidade e tinha apenas 20 anos nessa altura. Tudo aconteceu muito rápido mas no final foi tudo muito estranho. Acho que foi a primeira vez que um guarda-redes teve de ser substituido numa final da champions League", acrescentou.
A rivalidade entre o Real Madrid e o Barcelona
Por último, o guarda-redes falou dos "Clássicos": "É a rivalidade mais intensa do mundo. Claro que há jogadores de todo o mundo mas tudo sobre o Real-Barça está no nível mais alto possível, porque nos últimos anos os melhores jogadores do mundo estiveram nesses clubes".
"Até agora ainda não podemos ver uma final da Champions Madrid - Barcelona, não acredito que estejamos prontos para isso. Experimentamos algo semelhante noutras competições como na Libertadores, mas uma final da Champions entre o Real Madrid e o Barcelona poderá ser muito difícil. Seguramente vamos vê-lo algum dia", concluiu.