O senegalês Cheikh Sarr, goleiro do Rayo Majadahonda, da Primeira RFEF, disse, nesta terça-feira, que pede "desculpas ao mundo do futebol" por sua reação ao ato de racismo de um torcedor do Sestao River, mas não, à pessoa que praticou o crime contra ele. Afirmou que embora "lhe doa muito, é preciso "ser respeitoso".
"Peço desculpas ao mundo do futebol por como agi e, se acontecer de novo, não vou reagir da mesma forma e vou saber como me comportar", declarou o goleiro que, enfatizou nesta terça-feira, na sala de imprensa de sua equipe, que "lhe dói muito" pedir perdão, sendo a vítima. "Isso me dói muito e faço isso porque é preciso ser respeitoso. É o mais correto. Mesmo sendo a vítima, é preciso pedir desculpas ao mundo do futebol. Não faço isso por esse homem (que o insultou), mas sim pela imagem do futebol", indicou o goleiro senegalês.
No último sábado, Cheikh Sarr foi expulso por confrontar torcedores do Sestao, situados atrás de sua meta, que proferiam insultos racistas contra ele. Sua equipe, o Rayo Majadahonda, decidiu por esse motivo, abandonar o campo aos 39 minutos do segundo tempo, resultando na suspensão do jogo. O goleiro agradeceu a todos que o apoiaram na ocasião, sobretudo à sua equipe, aos jogadores e à torcida. Ele reconheceu que ficará surpreso, caso venha a receber alguma sanção pelo ocorrido: "Seria injusto" já que uma pessoa que é vítima, não pode ser sancionada.
April 2, 2024
"Se eu receber uma sanção, isso me surpreenderá porque seria injusto, pois uma pessoa não pode ser a vítima e, depois, ser sancionada. Se isso acontecer, o clube saberá o que fazer. Me arrependo e isso me ajudou muito para que, caso a situação ocorra no futuro novamente, eu saiba como reagir", expressou o goleiro. Ele relatou que foi chamado de "preto do c******" e "negro de m****". Ele se pronunciou sobre o relatório da partida, onde o árbitro afirmou que o jogador havia se reportado de "de forma violenta" para com ele.
"Meu ato em relação ao árbitro não foi um ato agressivo. Fui falar com ele e manifestar o que estava ocorrendo. De repente, recebi o cartão vermelho. Me pareceu estranho e lhe questionei sobre isso, com todo o respeito do mundo, nada mais. Depois do jogo, uma hora depois, ele me perguntou tudo o que havia acontecido, me apoiou e estou agradecido", explicou Cheikh Sarr, que afirmou que o árbitro não pôde ouvir o que lhe disseram "porque não estava lá" e confessou que o pior momento foi quando o insultaram.
April 2, 2024
"O pior momento foi quando estava sendo insultado e ouvindo de tudo. Minha reação foi essa, porque queria conversar. O peguei para perguntar o porquê do insulto, questionei se ele tinha família. Além disso, era uma pessoa mais velha, que deveria ser um exemplo", disse o jogador. Ele esclareceu que Vinicius, também vítima de racismo na Espanha, não entrou em contato diretamente com ele, mas expressou gestos de carinho nas redes sociais. O atleta disse estar grato pelo apoio.
O goleiro senegalês, que explicou que não treinou porque não está se sentindo bem após o ocorrido, reconheceu que não é a primeira vez que isso acontece com ele. Cheikh Sarr, quis mostrar ainda, toda sua gratidão a María José Morillas, psicóloga do clube, que lhe está prestando auxílio, de maneira muito próxima. O atleta contou também, que vários jogadores do Sestao River lhe deram apoio. Ele disse que não havia visto a reação do clube basco, porque no momento do ocorrido "não sabia nem onde estava".
"Não percebi como agiram porque, naquele momento, não sabia nem onde estava. Não vi nada nas redes sociais, não sabia o que havia acontecido", disse o jogador em referência ao fato de o clube basco, inicialmente, ter qualificado, nas redes sociais, os acontecimentos como um "incidente com um espectador", embora posteriormente, tenha emitido um comunicado de três pontos no qual mostrou sua "mais absoluta condenação contra o racismo e a violência".
March 31, 2024
Nós de Besoccer PT, salientamos nossa posição sobre temas como esse: racismo é crime! Um crime que mata, viola e oprime pessoas todos os dias. Precisamos avançar com as discussões, para que crimes de racismo (entre tantos outros) possam ser prevenidos e punidos dentro e fora dos campos.
Nos solidarizamos ao sofrimento do jogador e reafirmamos nosso posionamento contra o racismo e toda forma de opressão dentro e fora do futebol.
Besoccer contra o racismo! Todos contra o racismo!