O Cruzeiro entra em campo às 21h30 desta quarta-feira (27) para enfrentar o Deportivo Lara, da Venezuela, em um jogo que demonstra o quanto a crise econômica e política no país sul-americano pode afetar, dentre outras coisas, o futebol.
Inicialmente, o encontro válido pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores estava marcado para 13 de março. No entanto, devido ao agravante da pane elétrica que tomou conta da Venezuela, o Deportivo Lara passou a enfrentar uma série de problemas logísticos que acabaram resultando no adiamento do jogo: falta de licença para voar da companhia aérea e a dúvida em relação ao abastecimento da aeronave em Manaus foram as principais.
A crise na Venezuela
Não é de hoje que os venezuelanos enfrentam dificuldades. A crise no país já dirá anos, mas foi agravada a partir de 2014 com a queda do preço do petróleo, base da economia nacional. Já naquela época, o futebol começou a ser também afetado. Contrariados pela obrigação imposta pela federação de seguir a jogando em meio às diferentes manifestações que aconteciam no país, diferentes times escalaram conjuntos juvenis.
Além da crise econômica, com inflação que supera os 1.000.000% por ano, em 2019 o país entrou em um momento de grande tensão política. Em janeiro, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino do país – recebendo apoio de Estados Unidos e Brasil, dentre outras peças da comunidade internacional. No entanto, Nicolás Maduro, ditador que segue no posto principal desde a morte de Hugo Chávez, permanece firme em sua cadeira e classifica a tensão como tentativa de golpe. Quem segue a sofrer com todo este cenário é a população local, que tem dificuldades para arranjar até mesmo alimentos.
Como afeta o futebol
10 de marzo de 2019
Mesmo em meio ao caos, o futebol tentou seguir a sua normalidade. E evidente que isso revoltou alguns jogadores, que são obrigados a entrar em campo sem as mínimas condições aceitáveis - falta gelo, ataduras e o básico para um duelo profissional. O acontecimento mais emblemático no período ocorreu no último dia 10 de março, quando as equipes de Zulia e Caracas entraram em campo para uma partida artificial. Para evitar sanções impostas pela federação venezuelana, ligada umbilicalmente ao governo de Maduro, os atletas trocaram passes entre si, imóveis, durante os 90 minutos.
26 de marzo de 2019
Sem que a crise venezuelana tenha um prazo para resolução, problemas em relação ao cumprimento das datas causam preocupação na Conmebol e poderão ocorrer novamente – embora a entidade oficialmente afirme que busca garantir ao máximo possível que os compromissos sejam cumpridos. Na Libertadores, além do Deportivo Lara ainda há o Zamora. Na Copa Sul-Americana, Zulia, Mineros e Estudiantes de Mérida também têm seus jogos agendados.