O Santos quer provar que há vida pós-Sampaoli. Depois de uma saída conturbada e de divergências a respeito do pagamento da multa rescisória do argentino, o Peixe já começou a se mexer e busca no mercado alguém que possa causar um impacto semelhante ao antecessor.
Depois do anúncio de Ariel Holan na Universidad Católica e de Beccacece encaminhar um acordo com o Racing, o mundo santista parece centrado em Miguel Ángel Ramírez, espanhol que comanda o Independiente Del Valle. Além dele, outros nomes do mercado estrangeiro são citados, como Matias Almeyda, do San Jose Earthquakes, e José Pekerman, sem clube.
O espanhol revolucionário
Um técnico europeu fazendo sucesso na América do Sul naturalmente remete os torcedores brasileiros a Jorge Jesus no Flamengo, mas Miguel Ángel Ramírez tem um bom argumento para entrar nessa briga. Treinador do pequeno Independiente Del Valle, superou times com orçamento muito superior ao seu, como Independiente-ARG e Corinthians, e levou o clube ao seu primeiro título continental - a Copa Sul-Americana 2019.
Com estilo praticamente similar ao do clube que comanda, Ramírez aposta em jovens e gosta de ter uma equipe com transição bastante rápida, mais na linha Klopp do que Guardiola. Lançamentos longos para pontas de boa força física e velocidade são a principal arma do espanhol, como se pôde ver nos duelos contra o Corinthians, por exemplo.
Aos 35 anos, é apenas um mês mais velho do que Carlos Sánchez, uruguaio pilar do bom ano de 2019 feito pelos santistas. A juventude, trunfo pela capacidade de mostrar coisas novas, também é vista com um pouco de receio. Há insegurança sobre como ele vai reagir a um segundo trabalho, com muito mais pressão do que em uma equipe simpática aos torcedores equatorianos.
O primeiro antecessor de Gallardo
Matias Almeyda é uma espécie de primeiro "Gallardo" da história do River. Hoje no San Jose Earthquakes, foi ídolo do clube quando jogador, participando da campanha que culminou no título da Libertadores da América em 1996. A idolatria, porém, se consolidou nesta década: depois de participar da equipe rebaixada à Série B, montou o elenco para a segunda divisão, conseguindo nomes como o francês David Trezeguet, e fez o time começar a trilhar o caminho de glórias atual.
Volante como jogador, Almeyda tem um estilo semelhante ao de Simeone como treinador, apostando em uma linha de quatro defensores consolidada e um trio de meio-campista que saiba marcar e atacar. Seu principal esquadrão foi o Chivas de 2017/18, campeão nacional e continental.
Seguro e intenso, o time dificilmente era derrotado fora de casa, onde tinha facilidade para atacar pelos espaços de contragolpe deixados pelo adversário. Em casa, porém, mostra dificuldades para envolver o adversário. Uma trajetória bem diferente da qual os santistas se acostumaram em 2019.
O consagrado
José Pekerman já fez praticamente tudo que um treinador pode ter na carreira a nível continental. Mais conhecido pelas campanhas nas seleções da Argentina, na Copa do Mundo de 2006, e da Colômbia, nas Copas de 2014 e 2018, já tem 70 anos, quase a soma das idades de Ramírez e Almeyda.
Sua chegada ao Santos seria até surpreendente, dado que ele não comanda um clube desde o Tigres, do México, em 2012. Após seis anos, seria curioso saber como ele montaria um elenco no Peixe, mas algumas características parecem inegociáveis.
Pekerman não abre mão de um 10 clássico, algo até natural para quem teve Riquelme no auge sob o seu comando. O centrovante também é presença marcante nas suas equipes. Em 2006, por exemplo, mesmo com um jovem Messi no banco, preferiu colocar Julio Cruz, atleta da Internazionale, para substituir Crespo no jogo da eliminação argentina, contra a Alemanha.