Suécia, 1958. O Brasil havia estreado com vitória de 3 a 0 sobre a Áustria, mas o empate sem gols com a Inglaterra, na sequência, tornava o duelo contra a União Soviética uma questão de vida ou morte para avançar às quartas de final. Era preciso bater os soviéticos, temidos sob o discurso de serem ‘ciborgues da bola’.
Líderes do elenco, Didi, Nilton Santos e Bellini sentiram o perigo. Mas não temiam tanto o pior, por verem em dois jovens que até então estavam no banco, a solução para acabar com os temidos russos: Pelé, de 17 anos, e Garrincha, de 24.
Eles se reuniram com o técnico Vicente Feola na madrugada do dia 13 de junho, e a lenda diz que pediram ao treinador a inclusão dos respectivos jogadores de Santos e Botafogo no time titular. Décadas depois, Bellini, o capitão daquele time, colocou um pouco de luz no folclore. Não foi um pedido, e sim uma conversa aberta entre líderes e comandante.
“Todo mundo opinava, mas daí a alguém escalar o time... não existe nenhuma verdade. Isso seria antiético. Tirar um companheiro e botar outro seria também muita responsabilidade. Eu não faria isso”, disse o zagueiro.
Conversa ou pedido, fato é que naquela madrugada Vicente Feola decidiu fazer as mudanças que revolucionaram o futebol brasileiro. Garrincha e Pelé entraram nos respectivos lugares de Joel e Mazzola – uma outra mudança foi Zito na vaga de Dino Sani.
Em apenas dois minutos, Garrincha deixou Kuznetsvov tonto com seus dribles, acertou a trave do goleiro Yashin e iniciou o lance que terminou com o gol de Vavá. O próprio Vavá, no segundo tempo, finalizaria a vitória por 2 a 0. O Brasil avançaria, embalado por grandes craques mas personalizado também nos golaços de Pelé e assistências de Garrincha. Desde então, o futebol nunca mais foi o mesmo.