Na entrevista prévia ao duelo entre Lokomotiv de Moscou e Juventus, pela quarta rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o italiano Maurizio Sarri surpreendeu ao dizer que pensava em utilizar Douglas Costa centralizado, fazendo o papel de “camisa 10” da equipe de Turim.
A surpresa dá-se pelo fato de que Douglas, ao longo de sua carreira, sempre teve seu potencial de desequilibrar jogos atuando pelas pontas. Seja na direita ou na esquerda, mas pouquíssimas vezes atuando centralizado.
O jogo contra os russos estava difícil quando o camisa 11 deixou o banco de reservas, aos 70 minutos. Pouco antes Sarri havia sacado Aaron Ramsey, autor do gol de empate em um insistente 1 a 1, e colocou Rodrigo Bentancur – uruguaio que apesar de ter características mais defensivas em relação ao meia central no 4-3-1-2 da Juve, desempenhou a mesma função.
Em seus primeiros minutos em campo, Douglas transitou majoritariamente entre o flanco esquerdo de ataque e a faixa central do gramado. Era por ali que a Juventus havia criado as suas principais chances. Mas não parecia ser dia de garantir antecipadamente a classificação no Grupo D. Esta sensação ganhou força depois que Sarri fez a sua última substituição: sacou ninguém menos do que Cristiano Ronaldo para colocar Paulo Dybala.
A partir daquele momento, Douglas abraçou de vez o papel de ponta. A Juventus passou a ficar desenhada nos minutos finais numa espécie de 4-3-2-1, mas com o brasileiro mais solto para avançar pelo lado esquerdo. Deu certo. Aos 93’, o gaúcho avançou pela esquerda e passou por três adversários. Quando o quarto estava em seu caminho, Douglas tabelou com Higuaín e ainda se livrou de outros três antes de fazer o golaço da vitória.
Ao todo, Douglas bateu seis adversários em uma única jogada para fazer o que a Juve, mesmo com Cristiano Ronaldo em campo, não vinha conseguindo: furar barreiras e decidir. E não foi como “camisa 10” que ele conseguiu. Talvez por achar que seja cedo para ver o seu jogador se adaptar a tal papel, Sarri foi em busca da vitória explorando o lado mais forte do brasileiro.
“Ele me disse apenas para eu curtir o jogo e ajudar os meus companheiros a vencer. E eu fiz isso”, disse Douglas para a UEFA após garantir uma das vitórias mais tardias do clube italiano na Champions. “Eu estava pronto para este jogo. Você precisa defender bem quando enfrenta uma Juventus. Foi um jogo muito importante porque eu fiquei ausente por um longo tempo, mas voltei e ajudei o meu time”.
Depois de ter passado praticamente todo o mês de outubro envolto em lesões, Douglas Costa resumiu em cerca de dez minutos os seus melhores atributos como jogador. E garantiu a Juventus, com dois jogos ainda a serem disputados, nas oitavas de final da Liga dos Campeões.