James Rodríguez e Philippe Coutinho chegaram para a disputa desta Copa América com o futuro indefinido em seus clubes. Enquanto o Real Madrid não parece interessado em seguir com o colombiano, que nas últimas temporadas esteve emprestado ao Bayern [que não quis exercer a cláusula de compra], o Barcelona não esconde que está aberto a ofertas pelo brasileiro. Referências técnicas em suas seleções, o desempenho na competição continental pode abrir novas portas na Europa. Especialmente a partir do mata-mata.
Em termos de valores, não resta dúvidas de que James seria uma barganha maior: apesar de apenas um ano mais velho do que Coutinho, viu o seu valor de mercado cair bastante ao longo dos anos. Hoje, de acordo com o site especializado Transfermarkt, é avaliado em 50 milhões de euros – 40 milhões a menos em relação ao brasileiro. Os números e ações em campo do colombiano na fase de grupos da Copa América, contudo, foram menores. Mas isso não quer dizer que o camisa 11 de Tite esteja fazendo uma campanha tão melhor.
Coutinho vs James na Copa América 2019
Alçado à condição de referência da seleção brasileira após o corte de Neymar, Coutinho disputou todos os três jogos do Grupo A e experimentou sensações diversas: fez dois gols – os seus únicos - na vitória por 3 a 0 sobre a Bolívia, onde teve também os seus melhores números até aqui: cinco do total de nove finalizações das que tentou em todo o torneio foram diante do selecionado pior ranqueado pela FIFA na disputa desta Copa América. Foi mal no empate sem gols contra a Venezuela, apesar do gol anulado, e teve boa atuação no 5 a 0 sobre o Peru, dando assistência e criando um número considerável [5] de boas oportunidades [ainda que o contexto da partida tenha sido facilitado pelos dois primeiros gols, o segundo deles após falha bizarra do goleiro peruano antes da finalização estilosa de Roberto Firmino].
James Rodríguez disputou menos minutos do que Philippe [212 contra 257, segundo a Opta Sports]. Foi titular nas duas primeiras rodadas: contra a Argentina, na estreia dentro da Arena Fonte Nova, deu a assistência para o gol inaugural nos 2 a 0; contra o Qatar, decidiu no último minuto com um belíssimo lançamento de trivela para o 1 a 0 marcado por Duván Zapata. Entrou no decorrer da partida contra o Paraguai, na qual a sua equipe poupou os titulares, e também buscou boas jogadas no ataque.
Na frieza dos números, Coutinho participou diretamente de mais gols [uma assistência e dois tentos] na comparação a James. Mas a avaliação sobre o brasileiro é de que ainda pode jogar melhor, enquanto o colombiano, pressionado pela situação mais desconfortável em relação ao seu clube, vem demonstrando novamente parte daquele futebol que todos sabiam que estava lá, mas que não conseguiu aparecer com destaque nos últimos anos por Real Madrid ou Bayern: apesar de ter menos minutos em relação a Coutinho, o camisa 10 dos Cafeteros deu o mesmo número de passes-chave [12, sendo seis com a bola em movimento na comparação aos cinco de Philippe] e conseguiu abraçar o protagonismo que se esperava.
Situação no mercado de transferências
A situação desconfortável citada em relação a James Rodríguez é conhecida há tempos. Desde a chegada de Zidane ao Real Madrid, o colombiano viu suas oportunidades diminuírem e foi emprestado ao Bayern. Na Alemanha teve um desempenho bom no geral, mas aquém do esperado para alguém que carrega tantas expectativas. Em sua última temporada pelos Bávaros não foi tão utilizado pelo técnico Niko Kovac, com quem não tinha a melhor das relações, e não foi comprado de vez.
Sabe que o Real Madrid não conta com seus serviços e vê o futuro mais próximo da Itália. As especulações dizem que Cristiano Ronaldo quer tê-lo na Juventus, embora talvez seja até mais provável vê-lo sob o comando de outro conhecido dos tempos de Bernabéu: o técnico Carlo Ancelotti é um entusiasta de James, e gostaria de vê-lo em um Napoli que o teria como protagonista.
Já Philippe Coutinho chegou ao Barcelona com o rótulo de contratação mais cara na história do clube [145 milhões de euros], mas não correspondeu às expectativas e vem de uma temporada reconhecidamente ruim. Tanto, que o Barça deixou o seu futuro em aberto. Com as prováveis chegadas de Griezmann e até mesmo Neymar, se forem concretizadas, é difícil imaginar a sequência de Philippe no Camp Nou. E ao contrário do que acontece com o colombiano, hoje sequer podemos imaginar para qual clube Coutinho poderia jogar.
Foco máximo na Copa América
Por enquanto, contudo, tanto James quanto Coutinho garantem que o foco absoluto do momento está na competição sul-americana.
“Estou pensando apenas na Copa América, ainda não sei para onde vou, quero estar tranquilo. A decisão depende do Real Madrid, penso que lá dentro existem pessoas que tomam decisões e eu não posso fazer nada. Nunca falei com Zidane”, disse o colombiano.
“Sobre futuro, não tenho como falar nada, a gente não sabe o que pode acontecer”, afirmou Coutinho na última entrevista coletiva da seleção brasileira.
As quartas de final da Copa América começam nesta quinta-feira (27) para o Brasil de Coutinho, que enfrenta o Paraguai, e no dia seguinte (28) para a Colômbia de James contra o Chile. Será mais uma oportunidade para dois meias talentosos relembrarem ao mundo do futebol os seus predicados... e ao mesmo tempo atrair o interesse de grandes clubes em meio à janela europeia.