Com a crise da pandemia do coronavírus e a queda de receitas em 2020, a situação financeira de vários grandes clubes do futebol brasileiro, que já não era saudável, foi de mal a pior. É o que mostram os balanços de Corinthians, divulgado nesse sábado (27), e Atlético-MG, que deve ser anunciado em um evento chamado 'Galo Business Day', onde o clube irá detalhar de maneira aberta sua realidade financeira.
Ainda que a transparência de ambas as equipes tenha que ser elogiada, tanto os paulistas quanto os mineiros aproximam-se de uma quantia antes inimaginável: R$ 1 bilhão em dívidas.
Enquanto a maior parte da dívida do Corinthians consiste em tributos parcelados, ou seja, impostos que serão pagos a longo prazo (a maioria deles equacionados pelo Profut), o principal passivo do Atlético-MG trata-se de empréstimos tomados com instituições bancárias e pessoas físicas.
De acordo com o balanço divulgado pelo Timão, as dívidas do clube até o final de 2020 - ou seja, antes da premiações envolvendo o Brasileirão serem pagas, que devem dar um alívio financeiro momentâneo - correspondem a R$ 982 milhões, divididas entre as que vencerão no curto e ao longo prazo.
Dentro desse valor, R$ 586 milhões terão que ser pagos pelo clube até o final do ano. Entram aí empréstimos e financiamentos, dívidas com fornecedores, direitos de imagens, impostos e algumas parcelas do Profut. Já a dívida a longo prazo é de cerca de R$ 400 milhões, a maioria de impostos parcelados, que não prejudicam tanto no dia a dia. Isso sem contar os R$ 569 milhões referentes à dívida do clube com a Caixa, que serão pagos até 2040 - R$ 300 milhões, inclusive, sairão do valor dos naming rights.
Já o Atlético-MG ainda não divulgou o balanço referente à 2020, mas o 'Estado de Minas' conseguiu a informação, confirmada por fontes internas, de que o endividamento do clube já passou de R$ 1 bilhão até o final de 2020. Isso antes das contratações de impacto que o Galo fechou para a temporada, como Nacho Fernández e Hulk.
De acordo com o 'GE', piorando a situação, os empréstimos a juros baixos realizados por Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador, os famosos "mecenas" do Galo, não entram nessa conta. Ou seja: os mineiros alcançaram o passivo de R$ 1 bilhão antes mesmo de considerar os investimentos do quarteto.
A maior parcela do endividamento do Atlético-MG corresponde aos empréstimos realizados com instituições bancárias e pessoas físicas. Em 2019, esse valor era de mais de R$ 300 milhões; com a crise do coronavírus, especula-se que o clube tomou mais R$ 200 milhões para conseguir fechar o ano. Assim, a tendência é que o Galo chegue a quase R$ 500 milhões só nessa categoria.
Enquanto o clube mineiro de Sérgio Coelho aposta em um plano ousado, com a criação da Arena MRV e um time de topo, para brigar por títulos e conseguir realizar grandes vendas, o Corinthians do novo presidente Duílio Monteiro Alves vai pelo caminho contrário, diminuindo os custos com o futebol e aplicando uma gestão pautada pela austeridade - a folha salarial do Timão, considerando apenas os salários em carteira, era a maior do Brasil em 2020.