Há mais ou menos dois anos, o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, apresentava Philippe Coutinho, reforço mais caro da história do clube (120 milhões de euros). "Estou muito satisfeito em anunciar a contratação de um dos maiores craques do mundo, que estará aqui por muitos anos".
Há oito meses, o diretor esportivo do Bayern de Munique, Hasan Salihamidzic, repetiu algumas das frases de Bartomeu sobre Coutinho, dizendo aos torcedores que a nova contratação do clube bávaro era "um jogador de classe mundial com grande habilidade, que pode atuar em várias posições na linha de frente e estava trazendo ainda mais qualidade à equipe".
Coutinho forçou a saída do Liverpool rumo ao time dos sonhos, mas teve uma passagem decepcionante de um ano e meio no Camp Nou. Tanto que o Barça aceitou emprestá-lo aos alemães por uma temporada esperando que ele tivesse um desempenho que convencesse o Bayern a pagar 120 milhões de euros para ficar com ele em definitivo.
O número parecia muito para o jogador de 27 anos, que já não valia o mesmo desde que trocou a Inglaterra pela Espanha. No entanto, as primeiras exibições de Coutinho pelo Bayern do técnico Niko Kovac sugeriram que Coutinho poderia voltar à melhor fase na Alemanha.
O brasileiro não manteria o ritmo. O Bayern trocaria Kovac por Hansi Flick, que, assim como o antecessor, deixou Coutinho no banco em várias partidas. Uma ótima atuação contra o Werder Bremen em dezembro (três gols e duas assistências no 6 a 1) poderia ser a virada de página do meia-atacante, mas desde então ele não balançou as redes.
December 18, 2019
As performances recentes não impressionaram os dirigentes do clube alemão. "Ele jogou bem em alguns jogos. Às vezes, dá a impressão de que está inibido", disse o CEO Karl-Heinz Rummenigge ao jornal Bild. "Todo mundo tenta apoiá-lo. Devemos esperar que ele se torne um fator importante nas semanas decisivas que virão".
A opinião de que Coutinho atuou fora de posição no Barcelona e por isso não rendeu o esperado também perdeu força com a passagem dele por Munique. Kovac e Flick escalaram o brasileiro como um 10 centralizado, mas em 19 jogos atuando atrás de Robert Lewandowski foram apenas três gols e seis assistências.
Com isso, a tendência é de que o Bayern procure outro nome para a posição mesmo que o Barcelona diminua a pedida. Ex-jogadores do Liverpool, como Steve McManaman, sugeriram que ele deveria voltar para Anfield, mas o fato é que os Reds cresceram depois de sua saída.
Questionado sobre o assunto, o atual capitão do time inglês, Jordan Henderson, disse que Coutinho é "um grande amigo" e "um jogador excepcional", mas que "a época dele no clube já passou, ele mudou de clube e esperamos que num futuro próximo a gente veja aquele Phil que vimos aqui".
A venda milionária de Coutinho ajudou o Liverpool a contratar nomes como o goleiro Alisson e o zagueiro Van Dijk, destaques do time que alcançou a final das duas últimas edições da Liga dos Campeões e agora deve encerrar um jejum de 30 anos no Campeonato Inglês.
Diego Simeone, técnico do Atlético de Madrid, acredita que a saída do brasileiro contribuiu para a evolução da equipe inglesa. "Eles jogam no contra-ataque, com a bola, são fortes no jogo aéreo. O time foi construido há quatro anos e melhorou até quando Coutinho saiu. Isso diz muito sobre os jogadores que estão no Liverpool".
Depois que deixou Anfield, o brasileiro conquistou dois títulos espanhóis e uma Copa do Rei, mas não conseguiu produzir em campo as atuações que lhe renderam o apelido de "Pequeno Mágico" dos tempos de Liverpool.
Como ele parece pronto para arrumar as malas novamente ao final desta temporada, resta saber se Coutinho terá espaço no Barcelona ou se será recebido por um novo diretor esportivo que lhe dará uma nova camisa e o chamará de um talento de classe mundial.