O Cruzeiro tem uma dívida com o goleiro Fábio que se aproxima da casa dos R$ 12 milhões, conforme apurado pela 'GOAL' e confirmado por uma fonte ligada à gestão de Ronaldo Fenômeno. A ideia é que o valor seja incluído no condomínio de credores — o clube tem um prazo para pagar dívidas passadas após a transformação em SAF (Sociedade Anônima do Futebol).
A questão da dívida foi um dos pontos em que clube e veterano divergiram nas discussões, encerradas na noite dessa quarta-feira (5), após uma reunião entre as partes na Toca da Raposa II. O jogador queria que a nova administração apresentasse uma forma de pagamento do valor, o que nem sequer foi discutido de acordo com o atleta.
O débito do clube com Fábio foi iniciado em 2019, ano do rebaixamento do clube. De lá para cá, o veterano não recebeu valores referentes a FGTS (Fundo de Garantia Sobre Tempo de Serviço), salários e direitos de imagem.
Além da questão da dívida, o Cruzeiro também teve problemas também para ajustar o contrato do ídolo. O jogador de 41 anos teve uma proposta para ficar até o fim do Campeonato Mineiro, mas pensava em seguir até dezembro de 2022. O tempo de contrato foi o principal entrave, já que ele estava disposto a reduzir o salário que receberia na equipe — cerca de R$ 350 mil por mês.
Nesta quinta-feira (6), a diretoria do Cruzeiro divulgou nota oficial e explicou que a questão econômica foi fundamental para o fim da relação de 17 anos, iniciada em 2005:
"O Cruzeiro esclarece à sua torcida pontos importantes sobre a não renovação do goleiro Fábio. É fundamental lembrarmos que o Cruzeiro tem um desafio imenso de reorganização que precisa ser planejada e executada considerando a sobrevivência da entidade. Nesse sentido, a reestruturação precisa ocorrer em diversos campos: financeiro, organizacional, administrativo e, claro, esportivo. Muitas decisões não são populares mas precisam ser adotadas.
O projeto esportivo que vem sendo implantado considera critérios técnicos e a constituição de um plano de longo prazo para a instituição. As decisões no Departamento de Futebol visam a construção de uma equipe competitiva, sustentável e que esteja a altura da grandeza do clube. Foi exatamente um projeto nessas condições que foi apresentado ao goleiro de 41 anos, que o negou.
A proposta respeitava também a imprescindível responsabilidade econômica da entidade. Necessário ressaltar que, ainda assim, sendo Fábio o ídolo que é, um importante sacrifício econômico foi feito. Foi oferecido ao jogador um contrato que certamente extrapolava o razoável para um clube publicamente deficitário. Os termos desta proposta não foram aceitos pelo atleta e seu agente.
O Cruzeiro, desde o início e com enorme respeito, deixou claro que a proposta respeitava sua relevância e admirável história de 18 anos no clube. Fundamental esclarecer que o desejo do Cruzeiro era de ampliação de vínculo, embora não pelo mesmo prazo desejado pelo atleta. A proposta era de que Fábio pudesse, em campo, ao longo do Campeonato Mineiro, se despedir da torcida como ele e a própria torcida merecem. Inclusive, o Cruzeiro segue aberto para que inúmeras homenagens extracampo aconteçam.
Não é mais possível aceitar um perfil de administração que fez tantos clubes chegarem a um cenário de inviabilidade. O Cruzeiro tem clareza de que não há outra forma de manter a história de um dos maiores clubes de futebol do mundo que não seja com uma gestão responsável, com colaboradores e atletas que estejam plenamente alinhados a esse pensamento".