Dani Alves revela "única mentira" no futebol, início difícil no Sevilla e transformação comédia

Antes de brilhar no Barcelona, na Juventus e na Seleção Brasileira, Daniel Alves, aos 18 anos, deixou o Bahia e atravessou o mundo para defender o Sevilla.
Um novo país, uma nova língua, novos desafios, futebol, liga e vida totalmente diferentes. Várias e gigantes mudanças para alguém tão jovem e pouco experiente.
Mas Dani Alves superou tudo, e em belíssimo texto publicado no 'Players Tribune', ele revelou como foi esse período da sua vida. Confira:
"Agora, eu tenho 18 anos de idade, e eu estou contando uma das únicas mentiras que eu já disse no futebol. Estou jogando pelo Bahia no Campeonato Brasileiro quando um importante olheiro vem até mim e diz: 'O Sevilla está interessado em te contratar'.
Eu digo: 'Sevilla, maravilhoso!'
O olheiro diz: 'Você sabe onde fica?'
Eu digo: 'Claro que eu sei onde Sevilla fica. Sev-iiiiiilha. Eu amo.'
Só que eu não faço a menor ideia onde fica Sevilha. Pelo que eu sabia podia ser na Lua. Mas do jeito que ele diz o nome parece importante, então eu minto. Alguns dias depois, eu começo a perguntar por aí, e eu descubro que o Sevilla joga contra o Barcelona e o Real Madrid.
Agora em Sevilha, e estou tão mal nutrido que os técnicos e os outros jogadores olham para mim como se eu tivesse de jogar pela equipe mais jovem. Eu estou no meio dos seis meses mais difíceis da minha vida. Eu não falo o idioma. O treinador não está me colocando para jogar, e pela primeira vez eu penso em voltar para casa.
Mas então, por alguma razão, eu penso no conjunto que meu pai tinha comprado quando eu tinha 13 anos de idade. Aquele que levaram. E eu penso no meu pai novamente com o tanque grudado nas costas, espalhando veneno. E eu decido que vou ficar e aprender o idioma e tentar fazer alguns amigos, assim ao menos eu posso voltar ao Brasil com uma experiência nova para compartilhar.
Quando começa a nova temporada, nosso diretor passa a instrução a todos: 'Aqui no Sevilla nossa defesa não ultrapassa a linha do meio-campo. Nunca'.
Eu jogo alguns jogos, chuto a bola por aí, olhando sempre para aquela linha. Somente olhando para ela, como um cachorro que está com medo de ultrapassar alguma linha invisível no quintal. Então, num jogo, por alguma razão, eu apenas me solto. Eu tenho que ser eu mesmo.
Eu simplesmente vou. Ataque, ataque, ataque. Funciona como se fosse mágica. Depois disso, o técnico diz: 'OK, Dani. Nova estratégia. No Sevilla, você ataca.'
Em poucos anos, nós vamos de um clube que ficava na zona do rebaixamento para levantar a taça da Copa da UEFA duas vezes.
A tela escurece. Meu telefone está tocando. É meu agente.
'Dani, o Barcelona está interessado em te contratar.'
Eu não tenho que mentir desta vez. Eu sei onde fica Barcelona".