Daniel Alves falou pela primeira vez desde que rescindiu contrato com o São Paulo. Livre no mercado e sem assinar com nenhum clube, ele deu entrevissta ao podcast "Flow Sport Clube" nesta quarta-feira (29). O jogador e o São Paulo fizeram um acordo para pagamento de uma dívida de aproximadamente R$ 25 milhões em cinco anos (60 meses) e início de pagamento em 2022. Ou seja, as parcelas custarão cerca de R$ 400 mil por mês. Na entrevista, o lateral mostrou incômodo com a exposição pública de valores.
"Desde que cheguei o São Paulo estava me devendo. Nunca declarei que o São Paulo estava me devendo e como quero ser maior que o clube? Não, sempre deixava, porque meu BO eu resolvo em off. Até eu aguentar também. Nunca declarei que o São Paulo me devia. E chegou um momento em que eles declararam isso. Cara, vocês estão me expondo perante todo mundo, porque falar de dinheiro é expor. Pararam pra pensar que estamos em um país de dificuldade, em que as pessoas as vezes não tem o que comer em casa, batalhando para ter um salário mínimo... aí você quer falar de dinheiro? Tá louco. Você estã me expondo, porque não estou aqui por isso", disse.
"Mas ei, calma, tenho um valor, irmão. Não estou aqui por isso, mas tenho valor. Se esse valor não está ao alcance de vocês, então joga as cartas na mesa comigo. Deixei coisas para trás importantes para estar aqui, porque vim por um sonho, mas não transforma meu sonho em pesadelo, não, porque não vou permitir. Na mínima que eu ver que vocês estão levando para outro lado, eu falo, meu sonho está realizado. Vim para perrformar, performei. Vim para ganhar, ganhei. Tô fora. Estava conduzindo meu sonho para um lado que não era o que eu estava sonhando, então beleza. Vamos dar um stop aqui. Vocês não tem condição de me ter, não vim para prejudicar vocês. Ao contrário. Não vim para prejudicar, vim para ajudar. Ajudei, mas não quero mérito", afirmou.
Logo na sequência, Daniel Alves citou o trabalho do técnico Fernando Diniz, com quem trabalhou no São Paulo durante um ano e quatro meses. Hoje o profissional está no Vasco. Daniel Alves, inclusive, teve papel decisivo no momento da escolha do nome do treinador, na época da contratação, em setembro de 2019.
"Tenho consciência do que fiz no bastidor, em off. Igual Diniz. Mas ele teve o azar de não conquistar, porque o trabalho que ele fez vale pra mim muito mais do que qualquer título. Que é transformar pessoas. Tirar pessoas lá debaixo, ruim psicologicamente, e colocá-la em cena. Tanto é que quando Diniz foi embora todo mundo em lágrimas, porque sabe que o cara é braço e vai contigo", afirmou.
"Fiz muito mais do que teria de ter feito no São Paulo, mas ninguém vê. As pessoas que estão lá dentro não veem, porque se contradizem. Quando estava no São Paulo tentando criar uma sinergia para que o clube estivesse em evidência, diziam que eu era grande profissional. Quando rolou confusão, disseram "ninguém é maior que o São Paulo". Porra, c... como quero ser maior que o São Paulo se o São Paulo é meu sonho?".
"Vim com a missão de ajudar os meus companheiros a performar e tirar o São Paulo da fila. Mas não vim para me darem mérito e respeito já tenho muito. As vezes nem acredito, saí lá da roça e sou o maior vencedor da história do futebol. Quando falou "sou", falo com a humildade de tentar tirar outras pessoas de lá para serem também, não com a prepotência que as pessoas colocam. Não sou prepotente, não me leva pra esse lado porque daí fico p...".
Após rescindir com o São Paulo, Daniel Alves teve ofertas de clubes brasileiros e do exterior. O staff do jogador sinalizou que eram quatro do Brasil e duas de fora, sem confirmar os nomes. O jogador confirmou que um deles era o Athletico-PR e elogiou o presidente Mario Celso Petraglia.
"Recebi bastante ofertas. Mas, sendo bem sincero, eu peco muitas vezes por isso, mas aqui no Brasil, se eu pudesse estar do lado, ia ser do Petraglia. Esse cara é uma águia gigante de conhecimento, de como fazer as coisas, de não participar de um sistema, de acreditar naquilo que faz. O cara te explica as coisas, e você se apaixona pelo cara. Eu balancei. Mas eu falei, calma, vamos dar um tempo para tudo isso, assimilar. Dar um tempo para eu colocar as ideias no lugar. Qual o preço (estou) disposto a pagar? Não estava, então acabou".