Jorge Jesus chegou ao Flamengo em meio à pausa dos jogos de clubes por causa da Copa América, ganhou tempo para fazer uma intertemporada e mostrar aos jogadores a sua forma de trabalhar. Dentre as mudanças em campo, o novo desenho do time chamou a atenção. E se há um jogador que simboliza muito esta nova forma com a qual o Rubro-Negro iniciará de vez o segundo semestre é Diego.
Ainda que a principal mudança seja a presença de somente um volante de marcação à frente da zaga, papel que será exercido por Gustavo Cuéllar, é uma função que o colombiano já está acostumado a fazer desde que chegou à Gávea em 2016. Diego, por outro lado, deixará de vez o papel de meia centralizado, o “cérebro da equipe”, para recuar de vez no campo. Nos treinamentos feitos até aqui, o camisa 10 vem atuando mais recuado, como segundo volante no esboço desenhado por Jesus até o momento. Algo que os torcedores há tempos gostariam de ver.
Pois apesar de ter estourado no futebol brasileiro como um meia armador, camisa 10 do Santos campeão brasileiro em 2002, hoje, aos 34 anos, Diego apresenta algumas dificuldades em um cenário de jogo mais intenso, com o portador da bola cada vez mais pressionado. O maior número de toques na bola, antes de definir o passe, costuma abrir mais espaços em um setor mais recuado do que nas cercanias do terço final – onde a marcação adversária entra em estado maior de alerta e intensidade.
“Estou jogando mais como um segundo volante e estou me sentindo muito bem. Fico à vontade nessa região do campo. Para o jogador, o mais importante é o sistema funcionar. Facilita para todo mundo. Queremos e podemos fazer bem”, afirmou Diego em entrevista concedida ao Globoesporte.com.
Intensidade aprendida no Atlético de Madrid pode ajudar
Diego deixou o futebol brasileiro em 2004, cheio de expectativas, mas não conseguiu ser o protagonista que muitos esperavam na Europa. Considerando as equipes mais famosas em que atuou, o melhor momento talvez tenha sido em 2013-14, quando foi um 12º jogador no Atlético de Madrid que fez história ao ser campeão espanhol.
Pela característica daquela equipe, o brasileiro tinha mais responsabilidades defensivas ainda que aparecesse com maior destaque justamente na qualidade dos passes. Naquela temporada 2013-14, nenhum meio-campista do Atleti acertou tantos passes do que o brasileiro, que teve média de 84.5%.
Sistema que protege e pode melhorar mais o passe
Mais protegido em uma espécie de 4-4-2 bastante móvel no ataque, Diego pode ter os espaços necessários para dar ainda mais qualidade no passe durante a transição ofensiva. Se desde antes da chegada de Jorge Jesus o Flamengo, por característica individual de seus bons jogadores, já era um dos times que mais bem trocavam passes, com o camisa 10 mais recuado para entregar passes ainda melhores para Arrascaeta ou Everton Ribeiro, é possível ver a bola chegando melhor ao ataque.
Contudo, como a verdade no futebol é resultado, será algo a ser provado dentro de campo. O primeiro teste será nesta quarta-feira (10) contra o Athletico, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil.