Di Stéfano foi a personificação do período que transformou o Real Madrid no clube que nós conhecemos, uma instituição poderosa e que sempre está em busca de todos os títulos e os melhores jogadores.
O argentino deixou o clube merengue em 1964, sua 11ª temporada, como artilheiro maior (308 gols) e cinco títulos máximos da Europa na bagagem – todos os que o clube havia levantado até então. É o atleta mais importante na história do Real Madrid.
Décadas depois, Raúl Gonzalez virou símbolo maior do madridismo em sua época ao ajudar o clube a reencontrar a glória europeia, obsessão máxima e enraizada no DNA blanco, com muitos gols... mas acima de tudo, através da luta e confiança que sempre foram mais evidentes do que a sua habilidade.
Em 2010, após 16 temporadas, deixou o Santiago Bernabéu e a camisa 7 para Cristiano Ronaldo. O português, que chegava como antídoto na tentativa de diminuir o poderio do Barcelona de Guardiola e Messi, demorou menos do que os seus antecessores para se colocar como maior goleador na história do Real Madrid.
Oficializado como reforço da Juventus, que pagou € 105 milhões pelo craque de 33 anos, CR7 demorou sete anos para se colocar como goleador máximo na história do clube mais estelar do mundo. E após nove temporadas estabeleceu o incrível número de 450 bolas nas redes com a camisa merengue.
Melhor ainda: protagonizou a maior hegemonia de um clube na Champions League do futebol moderno: foram quatro títulos em seus últimos cinco anos, três deles consecutivos. Com o português em campo, o Real Madrid estabeleceu uma hegemonia comparável à vista na década de 50.
Cristiano foi o primeiro jogador na Champions League a ter atingido 100 gols por um mesmo clube (foram 105 pelos merengues) e uma média incrível de 1.03 gols/jogo. Acima de tudo, na comparação a Raúl e Di Stéfano foi o único a ter deixado o clube sob os seus termos. O argentino saiu brigado com a diretoria e foi para o Espanyol, enquanto o espanhol viu seu protagonismo perdido com a chegada de Cristiano e rumou para o Schalke. Ronaldo escolheu sair, e seguirá defendendo um gigante europeu.
Assim como Frank Sinatra canta em “My Way”, Cristiano deve ter alguns arrependimentos de sua época no Bernabéu: mas são poucos demais para serem mencionados. Ele fez o que precisava ser feito, fez de tudo (gols com as duas pernas, e desde 2009-10 ninguém cabeceou mais do que as 52 bolas nas redes do que ele) e planejou minuciosamente sua jornada.
Ele encarou tudo, e ficou de pé. E fez do seu caminho no Real Madrid uma história inesquecível pelos títulos e as impressionantes marcas por ele estabelecidas. Agora, o desafio é continuar descobrindo a melhor versão de si dentro de uma Juventus que deseja levar para o continente o domínio doméstico.