Éder Militão chegou ao Porto a troco de apenas 4 milhões de euros e, menos de oito meses depois, teve a venda oficializada para o Real Madrid por 50 milhões de euros. Como um zagueiro de 21 anos recém-chegado ao futebol europeu obteve tamanha valorização em tão pouco tempo?
Visto como uma das principais promessas do São Paulo nos últimos anos, o defensor deixou o Brasil em agosto de 2018 por um preço considerado irrisório graças às frustradas conversas para renovar contrato. Rejeitou diversas vezes a possibilidade de garantir a permanência no Tricolor, que, no fim, viu-se "obrigado" a negociá-lo às pressas, antes que o perdesse de graça - tinha vínculo até janeiro de 2019.
A chegada de Militão ao Porto, atual campeão nacional, foi intermediada pelos agentes Giuliano Bertolucci e Kia Joorbachian, que mantêm ótimo relaciomento com o icônico presidente Pinto da Costa. A dupla, por exemplo, também é responsável por ajudar a gerir as carreiras de outros dois brasileiros dos dragões: o zagueiro Felipe e o lateral-esquerdo Alex Telles.
Escolhido para ser o substituto do espanhol Marcano, negociado com a Roma, o ex-são-paulino não encontrou obstáculos para assumir a titularidade, inicialmente na função de origem: zagueiro. Ganhou a posição do prata da casa Diogo Leite e rapidamente caiu nas graças da torcida e, principalmente, do treinador Sérgio Conceição, que já o acompanhava há meses.
"Vi jogos dele [Éder Militão] como zagueiro, como lateral-direito, como volante... Sei o que ele pode dar, é um jovem que está em evolução constante", destacou o comandante português, poucos dias após a contratação do brasileiro.
Até o momento, Éder Militão cumpriu 35 jogos oficiais e marcou quatro gols com a camisa 3 do Porto. Poderia ter feito 38 no total, isso se não tivesse sido punido internamente ao ser flagrado numa boate até às 5h da madrugada. Quebrou a regra disciplinar do clube e foi afastado de três jogos (Tondela, Benfica e Braga), entre o fim de fevereiro e o começo de março.
A rápida adaptação do defensor ao futebol português não passou despercebida por olheiros de diversos grandes clubes da Europa e, claro, pela Seleção Brasileira. Ainda em setembro do ano passado, recebeu a primeira oportunidade com Tite (amistosos contra Estados Unidos e El Salvador). Na ocasião, vale lembrar, foi chamado como lateral-direito, no lugar do lesionado Fagner.
Polivalente e forte fisicamente, Militão, na verdade, sempre foi visto pela comissão técnica canarinha como zagueiro. Nos últimos jogos do Porto, no entanto, voltou a cumprir o papel de lateral. Por dois motivos: o recém-contratado e ídolo Pepe "precisava" jogar e também porque Maxi Pereira, então titular na ala, estava lesionado. Já recuperado, o uruguaio acabou por virar reserva de vez do brasileiro.
Com a necessidade de renovar a defesa, visto que Thiago Silva e Miranda têm 34 anos, o portista é momentaneamente a "grande sensação" na Seleção, que, para os confrontos com Panamá (23 de março) e República Tcheca (dia 26), não vai contar com os lesionados Neymar e Vinicius Junior. A favor está o fato de hoje ser o zagueiro brasileiro mais caro da história, tendo ultrapassado David Luiz, que na temporada 2014/15 viu o PSG desembolsar 49,5 milhões de euros para tirá-lo do Chelsea. Ao lado de Marquinhos, de 24 anos, pode vir a formar uma dupla com duração de pelo menos dez anos.
Tamanha badalação, por sua vez, não deve ter o mesmo impacto no Real Madrid, que foi mais rápido no mercado e levou a melhor na disputa com Juventus, Liverpool e, sobretudo, Manchester United. Pelo menos não num primeiro momento. Aprovado pelo já demitido Santiago Solari e elogiado por Zinedine Zidane na semana passada, Éder Militão chega como reserva imediato dos até então indiscutíveis Sérgio Ramos e Varane.