O técnico Renato Portaluppi divulgou, no início da tarde desta segunda-feira (19), uma carta de despedida endereçada ao torcedor do Grêmio. Renato se desligou do clube em comum acordo com a direção tricolor na última quinta-feira (15), após a derrota e eliminação da Libertadores da América para o Independiente Del Valle.
Renato Portaluppi iniciou a sua terceira passagem como técnico do Grêmio em 2016, sua terceira oportunidade treinando o clube após passagens em 2010 e 2013. Logo na estreia enfrentou o Athletico-PR pelas oitavas de final da Copa do Brasil, título que acabou sendo conquistada pelo tricolor gaúcho saindo de uma fila de 15 anos sem conseguir conquistas de grande relevância.
Em 2017, mais uma vez o Grêmio voltou a erguer a Copa Libertadores, a grande obsessão do torcedor tricolor. Com o título, Renato entrou para a lista dos que foram campeões como jogador e atleta - algo que ele conquistou com o próprio Tricolor, em 1983. O feito rendeu a Portaluppi uma estátua erguida em sua homenagem, localizada na esplanada da Arena do Grêmio, o local de maior visibilidade da casa gremista.
Nesta última passagem, Renato Portaluppi também atingiu a marca de 419 jogos em que esteve no comando técnico do Grêmio, sendo hoje o treinador que mais dirigiu o clube em toda a sua história.
Leia a carta de despedida de Renato Portaluppi
Quando o meu telefone tocou, em setembro de 2016 e do outro lado da linha estava o Dr. Adalberto Preis, não precisei nem esperar ele terminar de falar. “Estou dentro, Dr. Pode contar comigo que estou voltando”. O Grêmio não me chama, o Grêmio me convoca. Sempre foi assim e sempre vai ser.
Foram quase cinco anos de muita dedicação, de muito trabalho e, principalmente, de muitas alegrias. Batemos metas muito importantes, recolocamos o clube no caminho das grandes conquistas e me orgulho de cada dia de trabalho, de cada treino, de cada gota de suor, de cada lágrima, de cada jogo e de cada aprendizado, nas vitórias e também nas derrotas. Se hoje sou o treinador com mais jogos no comando do clube, e isso é uma alegria que não cabe dentro do peito, devo a muita gente.
Ao presidente Romildo, que durante todo esse período esteve ao nosso lado e fez de tudo para que sempre tivéssemos as melhores condições de trabalho. Nos momentos bons e nos momentos de dificuldade, ele sempre estendeu a mão e isso não tem preço. Desde o primeiro dia de trabalho em 2016, criamos um relacionamento com o grupo de jogadores que sempre foi de respeito e admiração mútuas. Passaram pelo clube atletas extremamente profissionais, dedicados, inteligentes, amigos e que deram o sangue por essa camisa. E tenho certeza que continuará sendo assim.
O Grêmio tem um grande grupo de homens. E por falar em grupo, uma das maiores alegrias que eu tive aconteceu no último sábado. Já estava fora da quarentena e à noite, por volta das 21h, tive uma surpresa linda. O grupo inteiro “invadiu” o meu quarto do hotel para me abraçar. Ainda bem que o coração está em dia. Tive de expulsar eles depois da uma da manhã. E ainda queriam fazer churrasco para mim na segunda-feira. Mas aí não vou aguentar. Esse é o meu grupo! Não é fácil ficar quase cinco anos sem ter nenhum problema com jogador.
E o que é que eu vou dizer de todos os funcionários do clube? Que saudade que eu vou sentir de cada um deles. As “gringas” do restaurante fazem uma comida maravilhosa e eu estava sempre ali fazendo uma boquinha. Os massagistas, os seguranças, na grande figura do Fernandão, chefe da segurança do Grêmio e da seleção brasileira, pessoal da rouparia, da fisioterapia, todos eles. Queria poder abraçar cada um e agradecer pessoalmente por tudo que fizeram ao longo desse período.
Preciso fazer um agradecimento especial ao departamento médico, que é um dos melhores do Brasil. Dr. Márcio, Dr. Rabaldo e Dr. Gabriel sempre tiveram muito cuidado comigo, em todos os momentos. E também o Dr. Leandro Zimerman, cardiologista, que teve participação fundamental também.
Claro, nem tudo são flores quando você tem um convívio de tanto tempo. Tive de puxar a orelha de alguns, trazer outros para a realidade da vida, mas “É O QUE EU DIGO PRA VOCÊS”, dentro do vestiário nunca teve crise. Todos os nossos problemas nós resolvemos internamente, com o grupo blindado e sólido o tempo todo.
Quero terminar falando do coração desse clube. A torcida do Grêmio, em especial a Geral do Grêmio, é simplesmente apaixonante. Em momentos de pandemia, a maioria dos estádios está vazia. Mas não a Arena. Ali do lado de fora, mais precisamente na Esplanada, tem alguém que sempre vai encher esse estádio. Posso estar longe fisicamente, mas aquela Estátua, que tanto me orgulha, sou EU e vai estar sempre pulsando pelo Grêmio.
Obrigado a todos e até breve!