Castellón de la Plana viu o nascimento de um craque há 25 anos. Dos jogadores de futebol que tratam a bola com carinho, que em vez de dar um chutão ou isolar, acariciam a bola. Trata-se de Pablo Fornals (Castellón de La Plana, 22/02/1996). Imerso na raivosa e competitiva Premier League, com os seus 'big six', a sua exuberante competitividade, as suas apostas ao vivo e os seus mil e um talentos, entre os quais se encontra, falou com o BeSoccer por videochamada através da 'Betway'. Ele repassou seu início no Málaga, clube pelo qual tem muito carinho e para o qual tem palavras de afeto, a passagem pelo Villarreal com um final sofrido incluído e a sua adaptação à Inglaterra pelas mãos do West Ham.
Pergunta: Você agora tem mais pontos do que em toda a temporada passada. Que evolução, hein?
Resposta: Sim. Este ano estamos muito bem, tudo está indo muito bem. Graças a Deus, porque já fazia dois anos ... Sofrendo tanto no último ano com o Villarreal quanto o ano passado aqui (o primeiro com o West Ham) e este ano é como estar tranquilo, poder curtir um pouco e ir um pouco mais calmo.
P: Você é o único espanhol no time, certo?
R: Sim, no momento, sim. Bom, nosso treinador de goleiros também é espanhol, mas quanto aos jogadores, este ano sim.
P: E quanto à adaptação? Houve algum trote?
R: Como sempre no fim das contas. Na pré-temporada, cantei (como trote) e tal, mas foi tudo bem, muito bem.
P: Que diferenças você nota entre a Premier League e a LaLiga?
R: A intensidade, a permissividade do jogo. Aqui, você também pode conversar mais com os árbitros. Eles entendem que você está em um jogo, que sua frequência cardíaca chega a mil por hora e que você pode falar com eles. Na Espanha, muitas vezes você não consegue nem falar com eles. Se fizer um gesto pequeno, você recebe um cartão. Aqui, eles entendem.
P: As faltas afetam você especialmente, que é alvo de choques.
R: Sim, me batem mais do que não sei o que (risos) e eu, como não sei cometer faltas, imediatamente levo cartão. Estou aprendendo também...
P: Antes, você nos contou que havia sofrido no Villarreal, como foi sua saída?
R: Foi bem. No fim das contas a saída aconteceu bem, o clube achou que poderia ser o momento por conta de como o West Ham ia apostar em mim e eles entenderam e não criaram nenhum problema. Tentamos dar o nosso melhor e acho que conseguimos.
P: Você que propôs isso?
R: Sim.
P: Você acompanha o Villarreal atualmente na LaLiga?
R: Sim, a verdade é que outra coisa que também mudou muito na minha vida é que agora vejo o futebol espanhol pontualmente, vejo os dois times da minha cidade, assisto ao Málaga e, se vejo que há um grande jogo da Primeira Divisão... mas prefiro ver o futebol daqui. Fico nervoso assistindo o futebol espanhol.
P: Como você vê o Málaga na Segunda Divisão, já que você acompanha o time?
R: Eu acho que, obviamente com tudo o que o clube está passando e todas as mudanças bruscas no homem que administra (o administrador judicial)... Acho que Manolo Gaspar está fazendo um trabalho espetacular porque, com todo os problemas tanto econômicos como os relacionados a quem pertence o clube, os julgamentos, tudo, acho que vem há uns dois anos construindo elencos bastante competitivos que, pelo menos, permitam ao clube se manter e continuar criando e gerando esperança para o dia em que tudo isso se esclareça e apareça uma pessoa muito boa (como presidente), que é o que o clube merece, porque está de volta onde deveria estar.
P: Que lembrança você tem do tempo que passou lá? Você tem muito carinho pelo clube?
R: Totalmente, e as pessoas que me conhecem sabem do amor que tenho pelo clube e pela cidade. O ano passado, devido à quarentena, foi o único ano em que não pude ir (à cidade) e tenho muitos amigos lá tanto no futebol como fora dele e, para mim, ver o Málaga aí... Obviamente, dentro de alguns anos, quando voltar à Primeira Divisão, será um orgulho e, para mim, é um orgulho dizer que fiz a minha estreia no Málaga e que vivi cinco anos da minha vida provavelmente na melhor cidade da Espanha.
P: Você continua falando com as pessoas de lá? Com os jogadores atuais do time?
R: Falo com Ramón, por exemplo. Ele me lembra um pouco de mim. Ele é um menino que eu entendo que, daqui a alguns anos, vai acabar se tornando meio-campista ou volante, que agora um dia joga na lateral, como eu jogava no início. Ele provavelmente não é o mais rápido ou o mais forte, mas é muito inteligente. Quando ele entrou na Academia tinha onze ou 12 anos e, a partir daquele momento, me vi refletido nele pelo corpo que ele tinha naquele momento, pelo corpo que eu tive quando era pequeno e ele era meio que meu afilhado. Vê-lo ali, na verdade é um prazer e tanto, assim como Ismael, Luis, que, depois do que aconteceu, continua ali mostrando que ama o clube que, para ele, é o melhor que poderia ter lhe acontecido, ver 'Pelli' (Sergio Pellicer), com quem estive na Divisão de Honra e Manolo (Gaspar), que foi ajudante no primeiro ano que estive ali, das primeiras pessoas que conheci no clube. Pellicer esteve com Míchel, com a gente também, os 'pichitas' (os funcionários Miguel Zambrana e Juan Carlos Salcedo)... Há muita gente da qual guardo grandes lembranças e não me custa nada escrever a eles e desejá-los o melhor e perguntar como vai tudo.
P: E como você vê Luis Muñoz e seu passo à frente como meio-campista?
R: Bom, já desde criança ele jogava mais como meio-campista, então é verdade que vinham colocando ele de zagueiro, mas tem uma qualidade imensa para jogar onde quer.
P: Como vai a adaptação ao inglês? Companheiros de equipe, treinadores...
R: No ano passado foi um pouco mais fácil porque comecei com um treinador que fala espanhol, com Pellegrini. Lá foi um pouco mais fácil, mas quando trocamos de treinador, aí sim no ano passado foi um pouco mais difícil no começo, mas agora provavelmente melhorei em inglês, sei muito mais palavras, mas, se você ouvir outra pessoa dizer a mesma coisa, provavelmente eu não entenderia, mas como ouço a voz dele (David Moyes) todos os dias, a dos meus companheiros, no final fica mais fácil para mim entender tudo e eu, fazendo minha parte para aprender inglês e fazendo com que minha convivência aqui seja mais confortável e tudo seja mais fácil e divertido. Chegar a um lugar todos os dias sem entender nada...
P: Como vão as coisas com Pellegrini?
R: Muito bem, é a pessoa que me trouxe. Aos poucos, ele me apresentou à Premier e acho que, no Betis, ele tem estado muito bem desde o início de 2021 e estou muito feliz.
P: Quais treinadores mais marcaram você em sua carreira?
R: Acho que, falando em estatísticas, em gols, com quem marquei mais gols em um ano foi com Míchel jogando pelo Málaga. Acho que foi uma das últimas vezes que atuei como meio-campista ofensivo, em tal temporada marquei sete gols e, nas assistências, jogando no Villarreal como volante com Bakambu e Bacca no ataque era muito fácil dar assistências: eu apenas tinha que lançar uma bola longa e eles ficavam encarregados de marcar os gols. Procuro aprender com todos, cada um tem sua maneira de ver o futebol. Você tem que ficar com as pessoas com quem vai compartilhar a vida e as coisas positivas que elas te dão.
P: Dar assistência ou marcar gol?
R: Estar entre um desses dois o maior número de vezes (risos).
P: Quem você observa na sua liga?
R: Existem muitos jogadores. Pela forma como entendo o futebol, gosto de focar mais em jogadores como Bernardo Silva, como Bruno (Fernandes), como Kevin (De Bruyne), mas também tenho que aprender com jogadores de fora. Gosto, por exemplo, dos pontas, embora eu não seja tão rápido quanto os pontas daqui, mas gosto de assistir futebol em geral e assisto o maior número de jogos que posso sem que a 'chefa' me repreenda.
P: Como você vê as equipes espanholas na Liga dos Campeões?
R: Olha, falando de treinadores, o mister me disse que este ano as equipes espanholas na Europa não estavam competindo como nos anos anteriores e eu disse a ele: 'Sim, mister, mas o Barça pegou o PSG, o Atlético e o Chelsea... '. Não é fácil ir para o torneio europeu e competir quando você não joga nem no seu estádio e nem no do outro, você tem que ir para outro país, tudo é meio convulsivo e entendo que não seja fácil.
P: Você pensa na Seleção da Espanha?
R: Não, de forma alguma. Como te disse, tudo que quero é continuar desfrutando e, se acontecer, será uma bênção e eu agirei com o máximo de empenho possível, mas se não acontecer, não é algo que me vá tirar o sono. Não é fácil ir para a seleção e menos para uma como a espanhola.
R: Você pensa em voltar a jogar na Espanha ou está 100% focado na Premier?
P: Até hoje, estou muito feliz aqui, não penso mais para frente. Estou jogando, estamos em uma posição que ninguém esperava e não é algo que está na minha cabeça o que vou fazer no próximo ano. Quero jogar o máximo possível, para que o time esteja no mais alto posto possível e acho que, para isso, a minha forma de contribuir é estar totalmente focado.
P: Dizem no 'Daily Mail' que, desde que seus pais têm wi-fi, você joga melhor...
R: Não sei se jogo melhor, mas é verdade que acho que perdemos um jogo da Copa e um jogo da Liga em 12 ou 13 jogos ou por aí desde então.
P: Para terminar, o que significa a sua comemoração de gol com gesto militar?
R: É de quando eu estava no Villarreal. Sou de Castellón, que fica a um passo de distância e, cada vez que jogávamos em casa, recebia 25 ou 30 pessoas da minha família e amigos que vinham me ver. Então, foi uma forma de agradecer a eles por utilizarem suas três ou quatro horas em um sábado ou domingo para vir me ver, então quando eu marcava gol, ia até onde eles estavam e comemorava assim.