O Olympique de Marseille entrará em campo nesta quarta-feira (16), às 15:45 de Brasília (19:45 de Lisboa), contra o Atlético de Madrid, pela final da Europa League. O objetivo dos marselheses é o de voltar a erguer um troféu de competição europeia. Um da Champions League, em especial, veio há 25 anos.
Assim como em 1993, o Marseille de hoje encara um time que, tem como principal ponto forte, a defesa. Naquela época, a final, disputada em Munique, foi vencida por 1 a 0, no que ficou conhecido como o jogo mais defensivo até então.
Depois de 42 minutos de bola rolando, a equipe francesa conseguiu tirar o zero do marcador, após um escanteio que alcançou Basile Boli, perto da trave. O goleiro Sebastiano Rossi ficou estático, sem ter o que fazer. "Foi uma cabeçada para a eternidade", descreveu o zagueiro Boli.
Essa foi a única vez, até hoje, que um clube francês conseguiu tal honraria. Mas, o que era para ser um momento de celebração, foi o começo de uma reviravolta que manchou a história daquela equipe.
Tudo começou quando o então presidente do time, Bernard Tapie, acompanhava a preparação do time para a final, que, naquele momento, se tornou obsessão. As finais perdidas nas edições anteriores motivaram a aquisição de jogadores de peso, como Marcel Desailly, Fabien Barthez e o campeão mundial Rudi Völler.
Um jogo fora de casa contra o Valenciennes, na semana anterior, evidenciou um grande esquema. A partida era de extrema importância, e o 1 a 0 no placar foi obtido com relativa facilidade. No intervalo do jogo, porém, Jacques Glassmann, da equipe mandante, disse ao técnico Boro Primorac que Jean-Jacques Eydelie e Jean-Pierre Bernes, defensor e diretor do rival, respectivamente, ofereceram dinheiro para que Glassmann "tirasse o pé".
Descobriu-se depois que ele não foi o único. Jorge Burruchaga e Christophe Robert também receberam a oferta e, a esposa do segundo pegou uma mala com grande quantia no hotel da equipe que viria a ser vice-campeã da Ligue 1. Uma investigação foi aberta em junho de 1993, e seguiu com meses de testemunhos a favor e contra a acusação.
Dentro dos gramados, o clube perdeu o direito de defender o título da Champions, apesar de não retirarem a conquista de 1993. Na França, o clube foi rebaixado automaticamente e foi obrigado a decretar falência. A recuperação veio apenas quando o dono da Adidas, Robert Louis-Dreyfus, assumiu o comando do clube, em 1996.
Os principais envolvidos no escândalo foram presos. Tapie recebeu pena de dois anos por corrupção e suborno, assim como Bernes. Eydelie, no entanto, foi quem sofreu a pior das condenações.
O defensor versátil teve a carreira interrompida quando chegava no auge. Ele foi condenado a um ano de prisão, mas cumpriu apenas 17 dias. Contudo, ele foi suspenso do futebol por 18 meses, tornando-o um andarilho do futebol, que, mesmo com uma passagem no Benfica, não conseguiu se firmar.
Em biografia publicada em 2006, ele afirmou que diversos jogadores foram obrigados a tomar injeções suspeitas antes da final da Champions, o que não foi provado pelo exame anti-doping após o duelo.
Tapie tentou processar o ex-jogador, porém não teve sucesso. Arsène Wenger, que era técnico do Monaco na época, chegou a dizer que foi "o período mais difícil" da vida dele, indicando que algo de errado aconteceu. Ainda assim, o ex-Arsenal também afirmou que "é difícil provar algo, mesmo com um incidente acontecendo após o outro, o que obviamente não é coincidência.
A cabeçada de Boli pode ter colocado a si mesmo e o Marseille na eternidade, mas o sucesso que tiveram ficará marcado como um que veio através da trapaça.