No último sábado as novas instalações de BeSoccer receberam a visita de um campeão do mundo. Mauro Camoranesi (Tandil, Argentina, 4-10-1976) multicampeão com a Juventus e testemunha ocular da cabeçada de Zidane a Materazzi, conversou com BeSoccer e falou sobre passado, presente e futuro.
"Há sete anos comecei a minha carreira como treinador. Agora estou esperando para voltar aos bancos depois da minha última experiência no Maribor da Eslovênia. Agora estou aguardando, passeando um pouco e assistindo futebol", disse o ex-meia.
Camoranesi aproveitou para explicar a sua saída do Maribor: "Faz parte do nosso trabalho. As vezes, as coisa vão muito mal e você precisa sair e as vezes as coisas vão muito bem e você também precisa sair. É a parte difícil de entender... Mas estamos satisfeitos e tranquilos porque o trabalho que estava sendo bem feito. As vezes, os proprietários tomam as suas decisões e eu acredito que não foi por nada esportivo, mas sim por uma questão estrutural".
O ex-jogador também falou porque optou por defender as cores da Itália e não a Seleção Argentina. "Quando cheguei na Juventus, não tinha expectativas de jogar na Seleção. Meu objetivo principal era me consolidar, eu vinha de um caminho complicado até chegar na Itália e o mais importante para mim e para a minha família era me estabilizar ali. Mas tudo aconteceu muito rápido... Cheguei em Turim em agosto de 2002 e fiz a minha estreia pela seleção em fevereiro de 2003. Não era fácil, principalmente para um estrangeiro".
"Até que um dia o treinador me chamou e disse que contava comigo, que não importava que eu tivesse nascido na Argentina, que ele não tinha um jogador com as minhas caracteristícas na equipe... E eu acho que essas palavras foram mais do que suficientes", completou.
Atual situação da seleção italiana
"Tem que se classificar primeiro (risos). Mas acontece uma coisa estranha: tem o risco de não se classificar para a Copa do Mundo pela segunda vez sendo campeã da Eurocopa. É muito estranho. A Euro deixou bem clara quais são as melhores equipes do continente atualmente. Não foi uma coincidência. Inglaterra, França, Espanha e Itália marcam uma tendência, foram as equipes mais regulares".
A passagem de Cristiano Ronaldo pela Juventus
"Foi muito positiva, extremamente positiva, para o campeonato italiano, um campeonato que perdeu muito protagonismo nos últimos seis anos. LaLiga e a Premier ganharam terreno. 80% dos melhores jogadores do mundo preferem jogar na LaLiga ou na Premier. Com Cristiano, com a volta de Conte, com a chegada de Ancelotti naquele momento... Voltamos a ver a luz, mas durou apenas um par de anos. Logo Cristiano foi embora, Ancelotti também, Conte, Lukaku... E outra vez o futebol italiano voltou a escuridão".
A cabeçada de Zidane em Materazzi
"Naquele jogo, muitos falavamos espanhol: o árbitro era argentino, 'Zizou', Makélélé, Cannavaro também falava espanhol... Houve uma falta no meio de campo, eu me aproximei a 'Zizou' e, para tirar um pouco da tensão disso: "Se você se aposentar depois de uma Copa do Mundo como essa, todos nós teremos que fazer o mesmo? (risos). Foi o melhor jogador da Copa. Pessoalmente, foi muito doloroso para mim que terminasse daquela forma. Não manchou em nada a sua carreira, mas me deu muita pena que para a opinião pública, ficasse aquela foto. Acho que não reflete o que Zidane foi naquela Copa e o que ele fez para o futebol".
"A cabeçada foi um episódio de várzea na Copa do Mundo. Materrazi era louco! E 'Zizou' perdeu a cabeça... Por isso as coisas terminaram assim. Essa é a minha visão romântica da situação".