O Shakhtar Donetsk recebe o Roma, nesta quarta-feira(21), pelo primeiro jogo das oitavas de final da Champions League. O time ucraniano sonha com uma vaga na próxima fase da competição e aposta no brasileiro Fred como um dos trunfos para conquistar uma boa vitória nesta partida.
Na melhor fase de sua carreira, Fred é um pilar no meio-campo do time de Paulo Fonseca, o famoso volante 'box to box'. Sua importância na espinha dorsal da equipe é tanta que ele chamou a atenção de Pep Guardiola, com quem conversou após a vitória do Shakhtar sobre o Manchester City, na fase de grupos da Champions. Mas apesar do interesse do time inglês, ele garante que o que sabe foi apenas através da imprensa.
"Nós(ele e Guardiola) nos falamos rapidamente no final do jogo entre Shakhtar e Manchester City, pela última rodada da fase de grupos da Champions League. Vencemos e acabamos com uma invencibilidade de mais de 30 jogos deles. Legal que o professor Tite estava no estádio. O Guardiola veio elogiar a partida que fizemos, me parabenizou, e também fiz questão de elogiar o time dele. Foi só isso, tudo muito rápido. Tudo mais em relação a um possível interesse do City eu fiquei sabendo pela imprensa. Tento não me preocupar com isso. Tenho um staff muito qualificado para cuidar dessa parte", revelou Fred em entrevista exclusiva à 'Brasil Global Tour'.
Além da admiração do técnico espanhol, Fred também agradou Tite, que o incluiu na lista dos 23 convocados para os jogos contra Bolívia e Chile, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, em outubro do ano passado. Uma grande conquista para quem havia ficado suspenso por conta de doping na Copa América de 2015 e impedido por seu clube de disputar a Olimpíada do Rio.
"Fiquei muito feliz de voltar a ser convocado para a Seleção Brasileira. Acho que foi uma das convocações em que fiquei mais extasiado, justamente por ter passado por tudo o que passei e receber uma nova chance. Sinal de que voltei a desempenhar bem o meu papel em campo, trabalho que acabou sendo reconhecido pelo professor Tite e sua comissão. E poder voltar numa reta final de Eliminatórias foi muito legal. O grupo ainda não está fechado e farei de tudo para figurar na lista final, buscando me manter no mais alto nível físico e técnico".
Ás vesperas da última lista antes da convocação final dos 23 jogadores que disputarão a Copa do Mundo, Fred sabe da importancia e do peso do duelo contra a Roma, pelas oitavas de final da Champions, e por sorte ou azar ele terá pela frente justamente Alisson, adversário que poderá ser seu companheiro na 'canarinha'.
"Tem tudo para ser um grande duelo. Vivemos um bom momento na temporada, mas enfrentaremos um time de muita tradição no futebol mundial, que conta com jogadores de muita qualidade, entre eles o Alisson. Começaremos a decidir a vaga no nosso estádio e vamos tentar levar alguma vantagem para definir a classificação na casa deles. Sabemos das dificuldades que enfrentaremos, mas estamos preparados. E quando fazemos bons jogos e nos destacamos pelo nosso clube, principalmente em competições importantes como a Champions League, ficamos em evidência. Seleção é consequência de um trabalho bem feito, e é o que procuro fazer".
Com algumas vagas em aberto no meio-campo, Fred se descreve como um volante que gosta de sair para o jogo mas sem esquecer da marcação, justamente o que Tite busca para completar seu elenco na Seleção Brasileira.
"Gosto de sair para o jogo e o treinador me dá essa liberdade, mas sem me desligar da marcação. Meu estilo sempre foi esse, de vir de trás distribuindo o jogo, procurando armar as jogadas. Sempre que possível, chego pra finalizar também, aparecendo como elemento surpresa, buscando brechas no meio da defesa.
Fred também destacou o bom ambiente que encontrou na equipe e fez questão de dar méritos a Tite por isso. Ele também apontou o Brasil como um dos favoritos na Copa do Mundo da Rússia, mas pregou humildade.
"O grupo é muito bom, a qualidade é muito grande. E o clima é o melhor possível. Muito graças ao professor Tite, que faz com que o ambiente seja leve. Ele é um treinador que cobra bastante, mas que também sabe conversar e procura orientar todo mundo. Pela boa fase e pelas Eliminatórias que fez, é claro que o Brasil tem condições de fazer uma bela Copa do Mundo. Mas trata-se de um torneio curto e as coisas precisam acontecer naquele mês. A geração é muito boa, dá para perceber que o torcedor brasileiro voltou a estar ao lado da seleção e isso passa uma confiança muito grande para os jogadores. A seleção brasileira chega como uma das favoritas, é a maior detentora de títulos, sempre foi muito respeitada, mas tem outras seleções que chegarão muito fortes também. Tem tudo para ser um grande Mundial".
Há menos de três anos era difícil imaginar que Fred voltaria a jogar em alto nível em tão pouco tempo, mas apesar do giro de 360 graus que a sua vida deu após o doping, ele manteve as esperanças e trabalhou bastante para seguir seus sonhos. Além do apoio da família, ele contratou profissionais particulares que o auxiliam em seu desenvolvimento até hoje.
"Sempre fui um cara extremamente correto com tudo, e jamais faria alguma coisa que me prejudicasse. E sou totalmente contra a usar qualquer tipo de recurso, de forma ilícita, para me beneficiar de alguma maneira. Não condiz com a educação que eu recebi e com a formação que eu tive. Mas, graças a Deus, tudo isso já faz parte do passado. No período que fiquei parado, tive acesso a um bioquímico, que hoje faz parte do meu staff, e a um preparador físico, que também está comigo nesse processo de preparação até hoje. E os meus resultados só melhoraram. E tive um apoio muito grande da minha família e dos amigos. Sou muito grato a eles. Foi uma força enorme para seguir em frente".
Por fim, Fred destacou a importância de técnico Mircea Lucescu, com quem trabalhou por um longo período no Shakhtar, e o fato do clube ter muitos brasileiros como facilitador para a adaptação na Europa.
"Para nós, realmente a adaptação acaba ficando mais fácil justamente por sempre ter brasileiros aqui. Não sei como isso começou, mas é um dos clubes da Europa com maior incidência de jogadores do nosso país. Acredito que tenha sido por influência direta do Lucescu, que foi técnico do clube por mais de dez anos e sempre gostou muito do futebol brasileiro. Aliás, ele foi fundamental também na minha adaptação ao futebol europeu. Aprendi demais com ele".