A expectativa para ver Cristiano Ronaldo fazer a sua estreia com a camisa na Juventus na Champions League era gigante, ainda mais após o hat-trick de Lionel Messi pelo Barcelona no dia anterior – superando o português no quesito.
Mas a espera se transformou em decepção, revolta e choro após 29 minutos disputados no estádio Mestalla, contra o Valencia.
O jogo vinha se mostrando nervoso, com muitas disputas. A Juventus era amplamente superior, mas a bola teimava em não entrar. Talvez por isso, a expectativa tenha chegado até a cabeça de CR7: o português trançou pernas com o zagueiro Murillo e, ato contínuo, esfregou os dedos de forma hostil no cabelo do adversário, na tentativa clara de puxar a região capilar do colombiano.
Cristiano até então havia desferido duas finalizações sem sucesso em seu 154º jogo na Champions League, mas o caráter inédito de sua estreia continental pela Juventus foi o cartão vermelho recebido aos 29 minutos. O primeiro de sua história no torneio onde é o máximo goleador.
Decisão exagerada do árbitro, apesar da atitude do português. Um cartão amarelo seguido de forte repreensão bastaria, já que o lance foi até mais cômico do que forte. Infantil. Cristiano, em desespero e com os olhos cheios de lágrimas, não acreditava no que acontecia. Um retrato de como enfrenta cada desafio como se fosse o último. Ainda mais na Champions League.
Mas é importante deixar claro, também, o quão estúpida foi a sua atitude. Pois se o árbitro exagerou no cartão, Cristiano fez o mesmo ao perder a cabeça. Um ato desnecessário, que não condiz com a sua experiência e o exemplo que ele mesmo precisa dar para milhões de fãs em todo o planeta. Poderia ter sido ainda pior se a sua equipe não tivesse vencido por 2 a 0.
Não são todos que conseguem se acostumar rapidamente a grandes mudanças. Cristiano deixou um Real Madrid onde sentia-se perfeitamente em casa para aceitar o desafio de levar a Juve às glórias europeias. Até estufar as redes pela primeira vez na nova equipe, contra o Sassuolo, pela Serie A italiana, havia perdido gols incríveis apesar das constantes tentativas.
O fator psicológico, causado por toda ansiedade deste novo desafio, parece ter pesado. Até mesmo para o atacante que na hora de finalizar sempre demonstrou a frieza de um predador. Ao puxar o cabelo do adversário e descer para o vestiário em lágrimas, CR7 demonstrou que apesar de tudo também é feito de carne e osso.