Muitos dizem que a profissão de goleiro é das mais ingratas que existem. Às vezes o arqueiro não falha, mas aos olhos dos leigos, parece que cometeu um equívoco imperdoável. Nem sempre ele é valorizado como merece, julgam um bom trabalho como obrigação, e incontáveis vezes é exageradamente criticado e tido como principal responsável por resultados negativos.
Ser goleiro não é fácil, e a semifinal da Copa do Brasil, entre Cruzeiro e Grêmio, mostrou isso mais uma vez.
Durante os 90 minutos, o Cruzeiro foi superior ao Grêmio, que teve muitas dificuldades para criar chances e penetrar na defesa rival. A 'Raposa', melhor em campo, enfileirando chances e escanteios, finalizou 11 vezes, sendo seis no alvo, enquanto o 'Tricolor' só chutou três vezes, acertando a meta em apenas uma oportunidade. Fábio praticamente não trabalhou durante a partida, enquanto Grohe fez boas defesas.
No entanto, o Cruzeiro não passou do 1-0 durante o tempo normal, e a vaga na final contra o Flamengo seria disputada nos pênaltis.
Por duas vezes, o Grêmio errou suas cobranças e o Cruzeiro teve a chance de passar na frente no placar, com Robinho e Murilo. Grohe, com duas defesas, não permitiu. O arqueiro, que já tinha ido bem durante o jogo, brilhou na disputa de pênaltis. Se o Grêmio conseguisse a classificação, sairia do Mineirão como grande herói.
No entanto, Luan, para muitos o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro, na mira do Borussia Dortmund para substituir Dembélé, parou em Fábio na última cobrança, e Thiago Neves converteu a sua penalidade, decretando o avanço 'celeste'.
Mesmo sendo um dos grandes ídolos da história do Cruzeiro, há 12 anos no clube como titular e tendo 731 partidas com a camisa estrelada, sendo o jogador que mais vezes defendeu a 'Raposa' na história, Fábio ainda é criticado por muitos torcedores, que não engoliam a ida de Rafael, que vinha jogando muito bem, para o banco de reservas. A defesa importantíssima na finalização de Luan, certamente significou muito para o arqueiro, que foi o grande herói 'celeste'.
Grohe, que foi melhor durante os 90 minutos, brilhou mais e pegou dois pênaltis, não tem, no dia seguinte, os holofotes que merecia. Fábio, que pegou "apenas" uma cobrança e não teve muito trabalho durante o jogo, está sendo, como não poderia ser diferente, merecidamente exaltado e aumentando ainda mais o status de lenda no Cruzeiro. A mitificação e a injustiça. A vida de goleiro realmente não é fácil.