Para Cesc Fàbregas, partidas como as dessa terça-feira, contra o Barcelona, pela Champions League, tem um significado a mais: é a primeira vez que ele reencontra com sua ex-equipe desde 2014, quando trocou a Catalunha por Londres e as cores do Chelsea.
Isso, no entanto, não muda seu foco: para o espanhol, o que importa é o momento de hoje, e não tanto o período que passou no clube que é, hoje, adversário. Pois há uma meta maior. O título europeu é um dos poucos que falta na sua prateleira, onde ostenta medalhas de quase quinze anos como profissional.
Já são quase 14 anos desde que você chegou a Londres, pelo Arsenal. Como evoluiu aquele menino que não falava nada de inglês até o campeão de quase tudo que você é hoje?
Mudou muita coisa. Eu era um menino quando cheguei aqui, sozinho, e tinha o sonho de vencer no mundo de futebol e me tornar profissional em um clube grande como o Arsenal. A partir dali fui superando etapas, tudo é diferente hoje, pois voltei a Londres com 27 anos e uma família ao meu lado, com muito mais experiência, mas em outro clube. Nesse sentido, foram duas etapas muito diferentes, no pessoal e no coletivo.
Dois clubes diferentes, uma mesma cidade. Por que a escolha por Londres?
Foi um pouco de casualidade, pra ser sincero. É uma cidade fascinante, de toda forma, e tanto eu como minha família estamos muito felizes aqui. É uma grande cidade, com duas grandes equipes que me deram a oportunidade de jogar o meu melhor. Fico agradecido por isso.
Você é um veterano, mas fisicamente é como você estivesse no seu melhor de sempre. Mudou muita coisa a sua preparação ao longo de todos estes anos?
Cada dia você se conhece mais, eu acho, mas é verdade que às vezes errei por querer jogar sempre. São seiscentos e cinquenta jogos acumulados aos 30 anos, o que é uma loucura, porque há muitos que se aposentam aos trinta e muitos sem chegar perto desses números.
Tive a sorte, desde jovem, de ir jogando muito, e com o passar dos anos você vai aprendendo a conhecer melhor seu corpo, a administrar a preparação um pouco melhor, mas não sei se é algo que eu tire de letra.
Por sorte, com Antonio (Conte), temos um método muito intenso, com muito treinamento de qualidade, e os jogadores se sentem bem para competir num bom nível embora alguns resultados não estejam acompanhando. De qualquer forma, acho que é um choque que acontece a qualquer time de futebol no mundo, mais hora ou menos hora ao longo de uma temporada. É preciso se reerguer depressa para seguir indo em frente.
Como você avalia essa temporada, individual e coletivamente?
Esse está sendo um ano muito difícil, por várias razões. Hazard se lesionou nos primeiros meses, e muitas das contratações também chegaram contundidos, é uma situação difícil para qualquer treinador se adaptar.
Alguns jogadores tiveram de jogar mais do que se esperava como N'Golo (Kanté), César (Azpilicueta) e eu, por exemplo. Não tivemos muitos de nossos jogadores à disposição. Tivemos de lutar bastante na temporada, mas estamos jogando bem, talvez não no melhor nível que podemos alcançar ou que tivemos na temporada passada, mas a campanha ainda é boa: estamos vivos na Copa (da Inglaterra), classificados para as oitavas da Champions e três pontos atrás do Manchester United na Premier.
Vendo estes números, não dá pra dizer que a temporada tem sido ruim, embora seja algo pra se avaliar no final. Como disse, ainda há muito pelo que se jogar e, além disso, recuperamos muitos dos nossos jogadores e estamos prontos para encarar o calendário complicado que vem aí.
O Manchester City é inalcançável?
"O título já nos escapou, a diferença é demasiado grande. Não vejo o City a perder seis jogos e as outras equipes a ganharem todos os restantes encontros. Obviamente que nunca se pode dizer nunca neste esporte, mas eles estão a realizar uma temporada fantástica, seria um milagre apanhá-los. Para nós, o mais importante é garantir um lugar na próxima Champions League e lutar pelos títulos que restam".