A CBF surpreendeu muita gente ao oficializar, nesta terça-feira (09), o retorno da camisa branca na Seleção Brasileira. A escolha pela peça, aposentada há 66 anos, é uma homenagem à conquista do Campeonato Sul-Americano – hoje Copa América - realizado no Brasil em 1919. Foi a primeira grande conquista do nosso futebol.
Há 100 anos, poucos poderiam imaginar que aquele uniforme branco e com detalhes em azul na gola e nas mangas poderia se transformar no símbolo de uma suposta “falta de sorte” para o escrete nacional. Mas foi exatamente o que acabou acontecendo, motivando a mudança para o hoje tradicional canarinho.
Quase 40 anos após a sua primeira aparição, em 1914, a camisa branca acabou tornando-se um dos bodes expiatórios que vieram na onda de críticas e pessimismo após a derrota para o Uruguai, na final da Copa do Mundo de 1950. As suas últimas aparições, entretanto, aconteceram no Sul-Americano de 1953. A derrota por 3 a 2 para a equipe do Paraguai, na final, foi a gota d’água. Desta forma, em agosto daquele ano o jornal “Correio da Manhã” lançou, em parceria com a CBD, uma campanha para repaginar o visual da Seleção.
Foram mais de 300 concorrentes, que tinham como única obrigação incluir as cores da bandeira nacional. Quem ganhou o concurso foi o gaúcho Aldyr Garcia Schlee, na época com apenas 19 anos. Ainda em 1953, o atacante Carlyle foi usado como modelo do novo uniforme: camisa amarela com detalhes em verde, a “Canarinho” que ganharia o mundo nas décadas seguintes.
16 de junio de 2015
A partir do momento em que foi ventilado o retorno da camisa branca, aproveitando o centenário do título de 1919 e o fato de o Brasil receber a Copa América de 2019, torcedores ficaram divididos entre a boa receptividade e o temor pela fama de ‘azarada’ carregada pela peça. Ainda mais levando em conta o histórico recente da equipe nacional, com seguidos insucessos desde a vergonhosa eliminação no Mundial de 2014 através dos 7 a 1 da Alemanha.
Para evitar qualquer possibilidade de atrair energias negativas, ainda mais depois do já citado clima de pessimismo e cobranças por resultados, a CBF não abandonou a tradicional “Canarinho”. E aproveitou, também para fazer uma homenagem ao título de 1989, na última vez em que o Brasil recebeu a Copa América,
É por isso que se você for supersticioso, pode ficar tranquilo: a camisa, mais imortalizada pelo insucesso simbolizado pelo Maracanazo, busca relembrar os heróis que deram ao Brasil o seu primeiro grande título. E será a terceira opção, embora esteja confirmada já para a estreia da equipe de Tite na Copa América, contra a Bolívia (14/06/2019). A Canarinho, que simbolizou o final do jejum de grandes títulos justamente há 30 anos, na conquista da Copa América de 1989, segue como opção principal. Uma homenagem justa a uma história rica.
O uniforme azul, que de fato marcou o final do trauma pós 1958 com o título Mundial em 1958, segue à disposição no modelo apresentado em 2018. Mas como o assunto é Copa América, o foco foi relembrar a primeira e a última edições do torneio recebidas pelo Brasil. Sempre com título brasileiro, independente da cor.