O Fluminense eliminou o Peñarol na última terça-feira (30) e garantiu seu lugar nas quartas de final da Copa Sul-Americana. Logo na partida de ida, no Uruguai, vencida pelo Flu por 2 a 1, o técnico do Peñarol, Diego Lopez afirmou que o Fluminense tinha sido um desafio mais difícil do que o Flamengo. A declaração rendeu uma grande polêmica e muitos olharam torto para o treinador uruguaio.
Após a derrota por 3 a 1 no Maracanã, que garantiu o time carioca na próxima fase, Lopez repetiu a fala e comparou com o Flamengo. Essa comparação veio do fato de o Flamengo ter enfrentado a equipe aurinegra na fase de grupos da Copa Libertadores da América. O Fla não ganhou nenhum dos dois jogos contra o Peñarol (uma derrota e um empate), já o time de Fernando Diniz venceu os uruguaios nas duas pelejas disputadas.
Diego Lopez tem razão? O Flu foi um desafio maior ao Peñarol?
Os números parecem contradizer o treinador uruguaio. Já que comparados os dois jogos contra o Fla e depois contra o Flu, o Peñarol teve um maior domínio contra o Tricolor das Laranjeiras. Pelo menos em partes. Contra o Fluminense, o Peñarol finalizou 33 vezes nas duas partidas, enquanto contra o Fla foram 20. O número de finalizações no alvo contra o Flamengo foram cinco, enquanto foi o dobro contra o Tricolor, 10 na direção da meta.
Já por outro lado, algo que pode explicar as falas de Lopez está no número de desarmes e duelos físicos. Já que o Fluminense trabalhava com a marcação mais em cima e desarmou 12 vezes mais do que o Flamengo. Na soma dos confrontos, o Fla executou 18 desarmes enquanto o Flu roubou a bola 30 vezes. O Flu também interceptou três bolas a mais do que Fla.
A questão levantada por Lopez parece apontar para a seguinte questão: o desafio maior do Peñarol foi do que time que trabalhou melhor sem a bola. A equipe que se aplicou mais na marcação acabou representando um maior desafio. À época o treinador do Flamengo era Abel Braga, que tem um estilo de jogo mais reativo. Diferente de Fernando Diniz que gosta de trabalhar com a posse de bola e a imposição de sua equipe no campo de ataque.
A marcação do Flu, diferentemente do Flamengo de Abel já começava no campo de defesa do Peñarol e obrigou a equipe uruguaia a se desdobrar mais para dar uma boa saída de jogo. Por outro lado, o sistema defensivo do Flamengo é mais organizado e estruturado e sofreu menos finalizações do que a do Fluminense. O goleiro do primeiro jogo do Fla era Diego Alves, no segundo César. Ao todo, os dois goleiros fizeram apenas quatro defesas somando as duas partidas.
O Flamengo vinha de um período bastante criticado com Abel no comando e pouco tempo depois demitiu o medalhão para contratar Jorge Jesus. Já o Flu vem em má fase no Brasileirão, está em 17º lugar, o primeiro da zona de rebaixamento, mas seu desempenho na Sul-Americana vem chamando a atenção pela solidez. O Peñarol, por outro lado, terminou em primeiro lugar na Apertura do campeonato uruguaio e também lidera as rodadas intermediárias.
Vale ressaltar que o Peñarol perdeu dois de seus atletas titulares que atuaram na partida contra o Flamengo. O time uruguaio enfrentou o Flu sem o zagueiro Cristian Lema, que foi chamado de volta do empréstimo pelo Benfica, mas que o emprestou novamente, só que ao Newell's Old Boys, da Argentina. Além disso, o lateral-esquerdo Lucas Hernández foi vendido ao Atlético-MG e foi substituído por Rodrigo Rojo.
Talvez as falas de Diego Lopez tenham a ver com a expressividade que o Flamengo vem alcançando no cenário sul-americano recentemente. A verdade é que há bastante equilíbrio na compreensão dos jogos e o que ocorreu foi, na verdade, uma diferença grande de estilos. Um reativo, do Flamengo de Abel, contra um de imposição, de Fernando Diniz.