Podemos debater sobre quais são os maiores jogadores da história da Champions League, mas não podemos discutir que Messi e Cristiano Ronaldo estarão obrigatoriamente lutando pelas primeiras posições – especialmente se o corte for a chamada “era moderna” do torneio, a partir de 1992.
Atuações espetaculares e decisivas à parte, estamos falando dos maiores artilheiros da máxima prova europeia: 135 tentos na conta do português, 119 para o argentino. Dois craques de grandeza atemporal, mas cujas carreiras se aproximam, dia após dia, do final. Cristiano Ronaldo completou recentemente 36 anos, enquanto Lionel Messi vai fazer 34 ainda em 2021. E aí a pergunta é bem óbvia e um tanto quanto desesperada: teremos astros tão imponentes, daqueles que chegam para encantar e quebrarem recordes, no “pós-Messi & CR7”?
Os jogos de ida das oitavas de final da Champions League 2020-21 deixaram a impressão de que existem dois grandes candidatos, ainda muito jovens, para herdarem o vácuo que, mais cedo ou mais tarde, será deixado. Erling Haaland e Kylian Mbappé estão apenas no começo de suas carreiras, o primeiro com 20 anos e o segundo com 22, mas já impressionam.
Lionel Messi fez, de pênalti, o gol do Barcelona no duelo contra o PSG, dentro do Camp Nou, mas foi Mbappé quem roubou a cena ao marcar três vezes na goleada que deixa o time de Paris muito bem encaminhado às quartas de final. O atacante francês, já campeão do mundo por seu país (inclusive com gol na final do mundial de 2018), mostrou enorme amplitude de qualidade nesta que pode ser considerado a sua maior noite europeia até aqui: veloz, hábil nos dribles curtos e dono de uma finalização que pode ser tão potente quanto plástica.
O dia seguinte aos 4 a 1 do PSG sobre o Barça reservou as presenças de Cristiano Ronaldo e Erling Haaland. O português não fez bom jogo pela Juventus, que atuou mal e perdeu por 2 a 1 frente ao Porto. Já o norueguês de 20 anos roubou para si o grande protagonismo da noite, balançando as redes do Sevilla duas vezes no triunfo por 3 a 2, de virada, do seu Borussia Dortmund. Também com um cardápio extenso de qualidades para finalizar jogadas, Haaland chegou a 18 gols em 13 partidas de Champions League em sua carreira. Ninguém marcou tantas vezes em tão pouco tempo na competição – e apenas em duas ocasiões o centroavante não deixou sua marca.
Se por um lado Mbappé e Haaland tomaram para si o protagonismo nesta rodada do mata-mata europeu, Messi voltou a ter motivos para lamentar dentro do Barcelona e CR7 esteve aquém do esperado. O gigantismo tanto do argentino quanto do luso deixam em aberto a possibilidade de vermos, nos duelos de volta, atuações espetaculares, históricas e decisivas. Eles podem ser eternamente considerados os maiores da Champions League e do futebol do Velho Continente em todos os tempos, mas recordes estarão sempre aí para serem quebrados e, tanto no futebol quanto na vida, renovações são como forças da natureza.
Mbappé e Haaland podem, futuramente, não ser tão grandes ou sequer bater os grandes recordes de Messi e Cristiano Ronaldo. Pode ser até que não sejam eles os destinados a ocupar a lacuna de grandes astros do futebol, que será deixada após as aposentadorias de Messi e CR7. Mas se o presente também é uma eterna tentativa de se prever o futuro, esta rodada de ida das oitavas de final da Champions League passou a impressão de que o futuro já pode ter começado diante dos nossos olhos.