O atual campeão da Libertadores da América, dono de um dos times mais caros do futebol sul-americano na atualidade, está na semifinal da competição enquanto busca defender a taça conquistada em 2020. Este mesmo elenco, treinado pelo mesmo Abel Ferreira, também é o atual campeão da Copa do Brasil e, ainda que consideravelmente longe do líder do Brasileirão, é o segundo colocado no certame de pontos corridos. E ainda assim não tem sido considerado, por muitos, inclusive seu próprio comandante, como favorito a alcançar a final da Libertadores.
Vários são os motivos que não dão a este Palmeiras um grande favoritismo nos duelos de semifinal da Libertadores 2021. Um dos mais importantes é que o seu adversário será justamente o Atlético-MG, o líder com folgas do Brasileirão citado no parágrafo acima – que também não pode ser considerado um grande favorito para este embate, é bom deixar claro.
O fato de o Palmeiras de Abel ainda não ter conseguido vencer os outros dois melhores times do país, Flamengo e Atlético, levantam maiores desconfianças em relação ao que tem sido o Alviverde nesta temporada. Existe uma lista de fatores que se encadeiam para explicar por que um time que ganhou o que ganhou há tão pouco tempo hoje levanta tantas dúvidas. O ataque é um destes pontos.
O setor é um dos que mais motivam pedidos de reforços. E a comparação com o que Flamengo e Atlético-MG possuem, hoje chega a ser quase desleal para o nível das aspirações palmeirenses. Neste texto vamos nos ater à posição dos atacantes mais centralizados e às comparações entre os dois principais homens que Palmeiras e Atlético contam, em seus elencos, para tais funções. De um lado, Hulk e Diego Costa. Contratações de peso do Galo (e não “de peso galo”) para 2021. Do outro, Deyverson e Luiz Adriano pelos alviverdes. Estes quatro nomes não jogam necessariamente juntos, mas são as peças de seus respectivos clubes de quem se espera gols.
Deyverson sempre oscilou e nunca chegou a convencer os palmeirenses. Retornou para o clube no meio da temporada, após período emprestado ao futebol espanhol. Luiz Adriano foi peça importantíssima em 2020 mas hoje reflete, como poucos, a queda de desempenho vivida pelo Palmeiras daquela temporada histórica para a atual. Em meio às dificuldades para ver seus centroavantes engrenarem, Abel Ferreira vem fazendo algumas improvisações para ver se resolve a incógnita de quem pode convencer como “homem gol” do Palmeiras. E o fato de o Palmeiras não convencer como time também mostra que o problema não é apenas o ataque.
Desde o retorno de Deyverson ao clube paulista, em junho, ele marcou dois gols em 18 partidas e tem estado abaixo do esperado como finalizador de jogadas. Considerando o mesmo período, Luiz Adriano, ainda que tendo convivido com problemas físicos, também tem deixado a desejar em frente aos goleiros: um tento em oito partidas. Considerando o tempo de existência de Hulk e Diego Costa como companheiros de time no Atlético-MG o retrospecto é consideravelmente melhor.
Em quatro jogos de Diego Costa pelo Galo, desde sua estreia no final de agosto, o atacante marcou dois gols demonstrando estar apto para estufar as redes em finalizações complexas. No mesmo período, Hulk também disputou quatro partidas e marcou dois gols. O Atlético conta com atacantes acima da média que hoje estão jogando acima da média. Isso explica, em parte, os debates sobre a necessidade de reforços palmeirenses e a desconfiança que o Palmeiras levanta em relação a Atlético e Flamengo na disputa pelas taças. Este é um ponto.
O outro ponto está mais direcionado ao clichê de que, apesar de tudo isso, tudo poderá acontecer entre Galo e Palmeiras nestes duelos de semifinal. O Palmeiras ainda tem um bom técnico e um elenco dos melhores da América do Sul. Quando estão em campo camisas gigantes que vivem seus momentos de potência esportiva, tudo pode acontecer. É claro. Mas hoje não há dúvidas que o Atlético conta com nomes melhores, e em fase melhor, para o seu comando de ataque.